Padrão de vida do brasileiro deve ter queda recorde, revela pesquisa

Levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) espera por retração de 6,7% no PIB per capita em 2020

Brasileiros voltaram a buscar segurança em opções mais conservadoras, como a poupança e o Tesouro Direto. | Foto: Marcos Santos/USP Imagens/CP
Foto: Marcos Santos/USP Imagens/CP

A crise causada pelo novo coronavírus deve levar à maior queda do padrão de vida do País desde a década de 1940, quando começou a série histórica calculada a partir PIB per capita. A retração esperada é de 6,7% este ano – e mais da metade dos brasileiros já percebe que está em uma situação pior do que antes da pandemia. Até então, o maior recuo havia ocorrido em 1981.

De crise em crise, o brasileiro vai perdendo o que havia conquistado na década passada. Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), de 2011 a 2020, o PIB per capita deve recuar 8,2% ante uma alta de 28% na década anterior, marcada pelo boom de preços dos produtos básicos, como a soja e o petróleo.

Só neste ano, o PIB por habitante deve cair quase o mesmo que a retração vista na crise de 2015 e 2016. Em valores de 2019, o indicador era de R$ 34,5 mil no ano passado e deve cair para R$ 32,2 mil este ano. Caso esse cenário se concretize, o padrão de vida volta ao nível de 2008.

“O País entrou em uma montanha-russa: depois de uma forte ascensão econômica, o que foi conquistado se perdeu. É como pagar a prestação de um carro que foi roubado e que não tinha seguro – você perde o patrimônio e fica com a dívida”, compara Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

Por ser uma média, o PIB per capita não mostra como todos os brasileiros devem atravessar a pandemia. Um estudo da ONG Oxfam, por exemplo, apontou que a fortuna de bilionários brasileiros cresceu US$ 34 bilhões entre março e julho. “Quando a classe privilegiada fica mais rica, a perda das camadas baixas é ainda maior. A renda per capita precisa reagir para que a sensação de pobreza da maior parte da população seja superada”, explica Fabio Bentes, economista sênior da CNC.

Outro estudo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta que o auxílio emergencial de R$ 600, pago a brasileiros de baixa renda reduziu a extrema pobreza ao menor nível em 40 anos. Só que o efeito é temporário, já que o programa é de alto custo.