Taxa de ocupação de leitos de UTIs atinge maior índice em duas semanas no RS

Secretaria Estadual de Saúde (SES) registra mais de 1.820 pacientes em unidades de terapia intensiva

Foto: Ricardo Giusti/CP

O avanço do novo coronavírus no Rio Grande do Sul se revela no aumento da ocupação de leitos em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI). De acordo com o painel de monitoramento das internações hospitalares da Secretaria Estadual da Saúde (SES), até as 18h30min desta quarta-feira, havia 1.823 pacientes internados em leitos de UTI adulto, o que representa taxa de 77,5%. Mais cedo, o índice era de 78,3%, o mais alto em duas semanas. Em 8 de julho, a taxa de ocupação era de 74,2%.

O boletim mostra que mais da metade dos pacientes – 992 pessoas – está internada por outras doenças, enquanto 632 testaram positivo para a Covid-19. O monitoramento revela que mais 199 pacientes foram hospitalizados por suspeita do novo coronavírus ou de outra Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), ainda devendo passar pelo teste.

Além disso, o painel revela que 1.708 enfermos confirmados e suspeitos de Covid-19 recebiam atendimento em leitos fora de UTI.

Em Porto Alegre, até 18h30min de hoje, conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a taxa de ocupação de UTIs em hospitais da Capital era de 88,45%, com 674 pacientes internados, incluindo casos de Covid-19 e outras doenças.

Entre pacientes suspeitos (39) e confirmados (284), havia 323 internados com sintomas de Covid, o que representa aumento de 67,4% em relação há duas semanas, quando o total era 193. O recorde é da noite de ontem, com 336 nessa situação.

No Clínicas, situação preocupante

Assessora de Planejamento e Gestão do Clínicas, a epidemiologista Jeruza Lavanholi Neyeloff afirmou que a equipe trabalha nos últimos dias com “ocupação crítica” dos leitos do CTI. “Há algumas semanas não conseguimos dar conta de pedidos de transferência”, observa. Ela relata que o aumento por demanda de leitos de CTI nas últimas semanas e o tempo de permanência prolongado dos pacientes já se refletem no atendimento. “A situação é crítica, porque o pessoal não consegue ser atendido”, admite, acrescentando que durante a semana apenas um leito para casos de parada cardiovascular ficou reservado.

“Esse número elevado de internações reflete o amplo contágio no estado. No Clínicas temos conseguido lidar bem com mudanças dos leitos clínicos, temos uma equipe dedicada, que consegue fazer transferências de pacientes para outros hospitais para tratamentos de menor complexidade”, explicou.

Ao destacar que muitos pacientes com a Covid-19 são jovens, ela reforça a importância da população manter isolamento social e evitar circular pela cidade. Jeruza reforça o alerta e explica que os pacientes internados no CTI por conta da doença muitas vezes dependem de ventilação mecânica, diálise e muita medicação.

“Não é uma doença fácil de lidar. E os jovens não estão imunes a ela”, advertiu.

*Com informações do repórter Felipe Samuel