A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) busca um novo financiamento para o Estudo de Prevalência da Infecção por Coronavírus no Brasil, o Epicovid-19. As três etapas iniciais da pesquisa foram realizadas em conjunto com o Ministério da Saúde. No entanto, após o cumprimento do cronograma, o governo federal não deu sinais de interesse em seguir com o levantamento. A UFPel negocia agora parcerias com a iniciativa privada e com outros órgãos de pesquisa.
O reitor da instituição, Pedro Hallal, avaliou o fim do aporte federal como um reflexo do apoio do governo à ciência. “A falta de financiamento dessa pesquisa pelo governo neste momento talvez seja um reflexo da valorização que se tem para a ciência e tecnologia no Brasil. No meio de uma pandemia, a pesquisa para por falta de financiamento. É uma pena, mas reflete muito a situação real da pesquisa e da ciência no Brasil como um todo”, lamentou.
Pedro Hallal apontou para problemas de gestão no governo federal, citando a instabilidade política na pasta da Saúde e incidentes na primeira etapa da pesquisa Epicovid-19. O reitor disse não ter recebido mais nenhum contato de Brasília. “Eu esperava, até por um pouco de consideração, que alguém do Ministério da Saúde me mandasse um e-mail ou me ligasse para dizer: ‘olha, professor, a gente acabou achando melhor não renovar a pesquisa’. Mas, infelizmente, nem essa ligação eu recebi. Fiquei sabendo junto com vocês, pela mídia”, criticou.
Entrevista com reitor da UFPel:
Em contato com a reportagem da Rádio Guaíba, o reitor Pedro Hallal comentou outras questões do combate à pandemia de Covid-19 no Rio Grande do Sul. O pesquisador é epidemiologista, com título de mestrado e doutorado na UFPel e pós-doutorado na Universidade de Londres (Inglaterra).
Distanciamento controlado
Para o Pedro Hallal, o Rio Grande do Sul começou bem o combate à disseminação da doença. No entanto, apontou que o cansaço da sociedade e o desgaste político do sistema de Distanciamento Controlado colocam a saúde da população em risco. “É um sistema que tem falhas, mas também tem qualidades”, apontou. “Essa politização do modelo e essa coisa de que os municípios só recorrem ‘para um lado’ (…) mostram uma posição dos municípios muito fincada na ideia de reabrir, reabrir e reabrir. E reabrir com a curva na ascendente é um erro”, sublinhou o reitor.
Volta do Gauchão
Pedro Hallal disse que a volta do Gauchão é um erro. Torcedor do Brasil de Pelotas, o professor sugeriu a definição do Caxias como campeão estadual. “É uma decisão equivocada. Especialmente, os clubes do interior não vão conseguir botar os jogadores, como se fosse, numa bolha, para garantir a não contaminação. É mais um foco de disseminação do vírus aqui no Estado. Espero que haja bom senso e que, imediatamente, se deem conta do erro e que reconheçam o título ao Caxias e encerrem, de vez, esta história do Gauchão”, sustentou.
Recentemente, o reitor da UFPel defendeu estratégia do lockdown para derrubar curva de contágio do novo coronavírus no Brasil.