Crise leva mais de 3 mil alunos do ensino médio a migrar da rede privada para a pública no RS

Secretário estadual da Educação, Faisal Karam, adverte que efeito cascata também vai impactar na rede infantil, "caindo no colo" de prefeitos

Faisal Karam falou da unificação do calendário escolar e da greve de professores | Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini
Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

Em função das incertezas provocadas pela pandemia de coronavírus, mais de 3 mil estudantes de escolas particulares de ensino médio já deixaram a rede privada para se matricularem na rede estadual de ensino. A enxurrada de transferências começou em março, quando os primeiros gaúchos se infectaram. Os números foram divulgados, nesta terça-feira, pelo secretário estadual da Educação, Faisal Karam, durante entrevista ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba. Desde o começo de junho, as aulas foram retomadas de forma virtual no Rio Grande do Sul.

Conforme Karam, os impactos econômicos provocados pela pandemia também vão refletir na migração de estudantes da educação infantil de escolas particulares para as da rede pública. “O mesmo fenômeno vai ocorrer na educação infantil e o problema cai no colo dos prefeitos, inclusive por demandas judiciais para garantir vagas, que são justas”, estimou o secretário.

Ainda sem definir um calendário para retomada do ano letivo de forma presencial, Faisal Karam revelou que os impactos, considerados profundos para o setor educacional, vão reverberar no próximo ano.

O secretário disse, também, que o governo estadual apontou irregularidades sobre a compensação de aulas após a greve do Magistério de 2019. “Estamos abrindo sindicâncias internas, algumas escolas não fizeram a recuperação. Vamos analisar a efetividade de aulas e as presenças de professores relativas a 2019 e também a 2020. Teremos novidades em breve”, declarou.

A inspeção sobre a execução do calendário é acompanhada de perto pelo Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul (TCE/RS).