Senado não vota MP de regras trabalhistas e texto pode perder validade

Matéria não deve voltar à pauta esta semana

Foto: Jane de Araújo/Agência Senado

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), decidiu não votar a Medida Provisória (MP) 927/2020, que altera regras trabalhistas durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Depois de votar duas MPs na sessão de hoje, vários senadores manifestaram posição contrária à votação da MP 927. Sem acordo para a votação, Alcolumbre encerrou a sessão sem votar o relatório do senador Irajá (PSD-TO).

Com isso, a MP pode perder a validade, uma vez que Alcolumbre disse que ela não deve ser votada esta semana. A matéria expira no próximo domingo. O presidente da Casa reconheceu que as questões trabalhistas eram controversas demais para possibilitar um entendimento. Durante as sessões remotas, o Senado procura votar, na maior parte das vezes, matérias cuja aprovação é consenso entre a maioria.

“De fato é uma constatação, não há um entendimento. Infelizmente essa medida provisória veio com muitos problemas. Veio com mais de mil emendas da comissão. Acabou que o que se desejava da sua eficácia imediata se transformou em um problema em relação aos direitos trabalhistas. Isso vem dificultando a votação dessa matéria”, disse o presidente. “Diante dessas manifestações, vou retirar essa medida provisória da pauta”, completou Alcolumbre.

O relatório de Irajá chegou a ser discutido na semana passada, mas quase todos os líderes partidários pediram para adiar a votação. Entre as medidas previstas no texto, a adoção do teletrabalho, a antecipação de férias e de feriados, além da concessão de férias coletivas em meio à pandemia. O texto prevê ainda a suspensão do cumprimento dos acordos trabalhistas devidos em caso de rescisão do contrato de trabalho, caso a empresa tenha tido as atividades paralisadas em virtude da crise gerada pela Covid-19.

As críticas eram direcionadas à redução do poder do empregado diante do empregador nas negociações. O trecho que prevê a predominância do acordo individual entre o empregado ou empregador sobre leis e acordos coletivos é um dos que mais sofre oposição.

No parecer, o relator alterou esse trecho, reduzindo a validade da medida ao período de duração do estado de calamidade pública decretado em função da pandemia, mas, ainda assim, sofreu críticas. Senadores de oposição chegaram a dizer que a MP era uma nova reforma trabalhista.