Comissão parlamentar vai a Angola ver a situação de brasileiros vítimas de ataques

Deputados e senadores demonstraram indignação com os recentes episódios de xenofobia e perseguição religiosa contra brasileiros da Igreja Universal

Templos da Universal em Angola foram alvos de invasões. Foto: Reprodução/Record TV

Uma comissão formada por quatro senadores e quatro deputados federais deve ir a Angola verificar a situação de brasileiros que vêm sofrendo ataques violentos por parte de dissidentes da Igreja Universal naquele país.

No último fim de semana, o presidente Jair Bolsonaro enviou uma carta ao presidente angolano solicitando providências para garantir a segurança e a integridade dos religiosos brasileiros e familiares deles.

A delegação pretende manifestar diretamente às principais autoridades angolanas a indignação com os recentes episódios de xenofobia e perseguição religiosa. “Vamos para lá para garantir junto ao governo de Angola todos os direitos dos brasileiros que estão morando naquele país”, disse o senador Major Olimpio (PSL-SP).

Essa é uma reação direta às invasões de templos da Igreja Universal do Reino de Deus no país, em um movimento criminoso, organizado por dissidentes violentos chegaram a expulsar pastores brasileiros de casa. Operações policiais também foram deflagradas contra residências de integrantes da instituição.

Vários líderes políticos no Brasil vêm reagindo às ações. O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, convidado desta quarta-feira do JR Entrevista, da Record TV, também manifestou preocupação com a crise em Angola.

“Qualquer agressão aos interesses brasileiros em qualquer lugar do mundo merece repúdio como país e necessita que autoridades locais deem apoio”, disse Marinho. “Acho que nosso chanceler certamente vai tomar as providências necessárias para resguardar não só as propriedades como as vidas. É o que nós esperamos.”

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, garante que o Itamaraty já contatou autoridades do país africano. Autoridades angolanas também mostraram falhas em proteger os templos da Universal de um movimento criminoso e de xenofobia, que desde o mês passado ocupa igrejas na capital Luanda e no interior.

O Jornal da Record já havia revelado documentos que deixaram evidente a real motivação dos dissidentes envolvidos nas invasões. Uma carta ao Banco Atlântico, em que o grupo tenta se apossar das contas da Igreja Universal e ainda pede o cancelamento dos cartões atuais e do serviço de internet banking. O banco não aceitou o golpe financeiro, que identificou uma ata forjada na documentação.

Como justificativa para todos os crimes cometidos, os dissidentes angolanos dizem se rebelar contra a Universal porque sofriam discriminação dos religiosos do Brasil. A direção da igreja rebate, alegando que é alvo de mentiras e ganância dos ex-integrantes.

A instituição em Angola contabiliza 438 pastores e bispos angolanos, muitos com cargos de direção, e 67 religiosos do Brasil. Quando na igreja, os ex-pastores e bispos recebiam moradia e ajuda de custo, que em alguns casos passaram de R$ 7 mil. A igreja ainda enfatiza o trabalho social realizado em Angola, onde se estabeleceu em 1992, e que hoje conta com quinhentos mil fiéis.