Porto Alegre atinge novo pico de internados com Covid em UTIs

Infectologista defende que os 33 municípios da região adotem medidas restritivas de circulação para que cenário comece a mudar

Foto: Ricardo Giusti/CP

O número de pessoas com a Covid-19 confirmada internadas em leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) adulto chegou a 178, na tarde desta segunda-feira, batendo mais um recorde, em Porto Alegre. Até então, o pico havia sido de 175. Ao todo, os hospitais atendem 593 pacientes em estado grave, sendo 216 com sintomas para o novo coronavírus, 38 deles esperando laudo. A taxa de lotação é de 82,45%.

Conforme o epidemiologista Ricardo Kuchenbecker, Porto Alegre já vinha sinalizando essa tendência desde o fim de maio. “Estamos observando um aumento consistente ao longo das últimas sete semanas. Como não temos nem vacina, nem tratamento efetivo, a única coisa que nos cabe é incidir sobre as UTIs a partir da redução do número de casos”, explicou. Conforme Kuchenbecker, não existe outra forma de frear o aumento das internações que não seja a partir de medidas mais restritivas da circulação de pessoas.

“Mas precisamos que isso ocorra em Porto Alegre e na Região Metropolitana como um todo, até mesmo em outros municípios das proximidades, considerando que ainda existem vazios assistenciais além da região. As medidas devem ser implementadas em todas as localidades”, reiterou.

Os leitos de Porto Alegre, segundo Kuchenbecker, respondem por um contingente de quatro milhões de pessoas, ou seja, mais que o dobro da população da cidade. “Aí está o grande ponto vulnerável dessa equação, porque as restrições devem ocorrer, pelo menos, nos 33 municípios da região”, assinalou, reforçando que, só a partir disso, vai ser possível vislumbrar uma diminuição do aporte de pacientes graves da Covid-19 nas UTIs.

No Rio Grande do Sul, conforme levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES), a taxa de ocupação dos 2.210 leitos UTI adulto era de 73,4% na tarde de hoje. Havia 1.623 pacientes internados, sendo 467 pacientes confirmados da Covid-19 (28,8%) e 163 pacientes suspeitos ou outra Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) (10%). A maior parte das internações – 993 (61,2%) – ainda é de pacientes não relacionados ao novo coronavírus. Ainda assim, o número de pacientes confirmados com a Covid-19 aumentou 160,89% entre 7 de junho e 6 de julho, passando de 179 para 467.

*Com informações da repórter Jessica Hubler/Correio do Povo