Bloqueios de cartão devem atingir 120 mil usuários de ônibus, a partir de quinta, em Porto Alegre

Medida visa aumentar o índice de isolamento social na cidade

Foto: Alina Souza / CP

O decreto municipal 20.639, que amplia as restrições de circulação na cidade, vai impactar o sistema de transporte público de Porto Alegre a partir de quinta-feira, quando entra em vigor o bloqueio de vales-transportes para trabalhadores de estabelecimentos de caráter não essencial. A Associação de Transportadores de Passageiros (ATP) informou que a medida deve atingir 120 mil usuários do cartão Tri.

Nesta segunda-feira, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) encaminhou a lista com o CNPJ das empresas cadastradas para a ATP. O engenheiro de Transportes da ATP, Antônio Augusto Lovatto, garante a operacionalização do sistema já na quinta-feira, quando entra em vigor o decreto. Ele ressalta que alertou a prefeitura para a necessidade de também restringir o vale-transporte no Trensurb e nos ônibus metropolitanos de profissionais desses mesmos setores.

O objetivo é evitar que trabalhadores que vivem na região Metropolitana sejam surpreendidos ao tentar usar o sistema de transporte integrado. “Corremos risco de ter conflito muito sério no sistema urbano caso os passageiros da região Metropolitana tentem se deslocar para a Capital”, enfatiza. Conforme Lovatto, para evitar contratempos, os bloqueios das empresas deverão constar nos dois sistemas de bilhetagem. “Por exemplo, uma pessoa que vem de Canos pelo sistema metropolitano ou de trem, chega a Porto Alegre e não vai ter como se deslocar. A solução é bloquear lá no início”, ressalta.

Segundo Lovatto, outro ponto que merece atenção é quanto ao cadastro dos usuários. Ele explica que alguns passageiros podem estar com o cadastro desatualizado por conta de mudanças de emprego. “O primeiro emprego de uma pessoa pode não ter sido em função considerada essencial. Muito usuário em serviço essencial vai ter cartão bloqueado”, frisa. O novo decreto também determina que os pagamentos em dinheiro serão aceitos em todos os horários, mas se o fluxo de passageiros não diminuir, a prefeitura pode suspender essa forma de pagamento.