Sindicato oferece centenas de aviões agrícolas contra gafanhotos, embora chegada ao RS seja remota

Autoridades argentinas garantem monitoramento dos insetos em tempo real

Foto: Senasa Argentina / Divulgação

A notícia de que uma imensa nuvem de gafanhotos pode chegar no País, entrando pelo Rio Grande do Sul, deixou algumas cidades, como Barra do Quaraí, Uruguaiana e Alegrete, na fronteira Oeste, em alerta.

Por isso, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) colocou à disposição das autoridades os 462 aviões pulverizadores existentes no estado gaúcho caso seja necessário dispersar a nuvem de gafanhotos com inseticida.

O deslocamento da nuvem de gafanhotos é influenciado pela direção dos ventos e a temperatura elevada. Apesar de uma frente fria ter entrado no estado gaúcho nesta quinta-feira, trazendo fortes ventos e chuva, e distanciando a possibilidade de entrada pela fronteira, agricultores e moradores ainda temem a chegada da nuvem.

A administração da Estância Pai Passo, em Barra do Quaraí, relata que essa época do ano é muito importante para as pastagens de gado na região e reclama não ter recebido nenhuma orientação de enfrentamento prático das autoridades.

Há registros de que nas décadas de 30 e 40 outras nuvens acabaram com plantações inteiras no Rio Grande do Sul. Especialmente em 1947, a cidade de Pelotas enfrentou uma crise fitossanitária e precisou se adaptar para combater a praga.

De acordo com professor de Entomologia do Departamento de Fitossanidade da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Uemerson Silva da Cunha, o Estado dispõe de condições técnicas para enfrentar o problema de maneira eficaz. Mas na opinião do especialista, a chance real de precisar usá-las é muito pequena.

Monitoramento em tempo real

As autoridades argentinas garantem o monitoramento dos gafanhotos em tempo real. A última movimentação da nuvem ocorreu na quarta-feira perto da região de Corrientes, na Argentina. Provavelmente por causa das condições climáticas rigorosas, a nuvem acabou se dividindo em duas e se estabilizou na região.

Como inúmeros fatores interferem na sobrevivência e na direção dos insetos, o monitoramento acaba sendo a principal arma dos governos neste momento. “Apesar das condições climáticas favoráveis (frio e vento sudoeste), ainda existe o risco e permanecemos em alerta”, salienta o chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Ricardo Felicetti.

Plano de enfrentamento oficial

Nesta quinta-feira, a publicação da portaria 201 pelo Ministério da Agricultura, que decreta estado de emergência fitossanitária nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, garante que medidas rápidas de enfrentamento aos gafanhotos sejam tomadas pelas autoridades locais como, por exemplo, o uso de inseticidas normalmente não utilizados no combate desse inseto no país. A portaria vale por um ano.

Até o momento, fiscais da Secretaria da Agricultura inspecionaram a linha de fronteira e visitaram prefeitos e secretários dos municípios de São Nicolau, Porto Mauá, Alecrim, Pirapó, Itaqui, Alegrete, São Borja e Porto Xavier. Todos localizados às margens do rio Uruguai.

O governo orienta que, caso algum produtor identifique a presença destes insetos em grande quantidade, a orientação é informar a inspetoria de defesa agropecuária da localidade (clique aqui e veja endereços em cada região).