Rodoviários sofrem com atrasos de salário em Porto Alegre

Categoria enfrenta problemas com problemas de pagamento e no vale-alimentação após redução de passageiros com pandemia de coronavírus

Foto: Alina Souza/CP

Salários e vale-alimentação atrasados viraram rotina para os rodoviários desde que as empresas de ônibus começaram a registrar redução de passageiros em função pandemia do novo coronavírus. O Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário de Porto Alegre (Stetpoa) alega que as negociações da categoria com as empresas de ônibus foram interrompidas, sem perspectiva de retomada. Com os vencimentos parcelados, o Stepoa – que representa 8 mil trabalhadores – critica a falta de planejamento das empresas para regularizar os salários da categoria.

Presidente em exercício do Stetpoa, Sandro Abbade disse que o parcelamento ‘incomoda’ os trabalhadores. O dirigente explica que as empresas dizem não ter lucro por conta da diminuição de usuários de transporte público. “Por essa situação da pandemia, há dificuldade de realizar reuniões e encontros, está cada vez mais complicado, e isso está nos impedindo de avançar no diálogo. A categoria está nervosa e inquieta”, alerta. Abbade enfatiza que a prefeitura também não manifesta ‘nenhum tipo de preocupação’.

O Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa) ressalta que as medidas de restrição de circulação da população adotadas pelo município diminuíram o número de usuários de transporte público e impactaram no faturamento. Advogado do Seopa, Alceu Machado reforça que os ônibus não vêm ‘transportando ninguém’, exceto em horários de pico. Machado acrescentou ainda que o anúncio de novas restrições, no momento em que as empresas começaram a notar recuperação, vai retirar mais passageiros do transporte coletivo. “O sistema vai voltar menor e vai haver mais demissões ainda. Cada empresa deve voltar 20% a 25% menor do que era”, projeta.

Além de frisar que as empresas vêm deixando de pagar fornecedores para tentar regularizar os vencimentos dos servidores, Machado rebate as comparações com a Carris, que paga os salários em dia. Na avaliação de Machado, a situação das empresas é muito difícil e pode piorar. “Esse ano está perdido, todo perdido. Não se fala em negociação, é preciso trabalhar para manter emprego”, completa.

Por meio de nota, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) informou que é convidada e acompanha as reuniões de mediação entre rodoviários e empresas junto Judiciário Trabalhista. Entretanto, deixa claro que exerce papel restrito ao acompanhamento e aconselhamento em caso de eventual consulta, sem poderes de interferência na relação de trabalho.