Nos últimos três dias, Porto Alegre saltou de 89 para 102 pacientes confirmados com a Covid-19 em leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de hospitais da cidade. Com 78,36% de ocupação, existem ainda outros 26 suspeitos da doença internados em estado grave. De acordo com o prefeito Nelson Marchezan, esse crescimento é um dos principais indicadores para a Prefeitura, que admitiu cogitar restrições mais rígidas, nos próximos dias, embora um decreto com esse sentido ainda não tenha sido publicado. Amanhã, a cidade também retorna à bandeira vermelha do distanciamento controlado, adotado pelo governo estadual.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em comparação a 15 dias atrás, o aumento de infectados em UTIs chegou a 56. Antes desse avanço mais expressivo, a Capital havia levado 78 dias para ultrapassar a marca de 50 casos de coronavírus em tratamento simultâneo.
De acordo com a SMS, Porto Alegre registra 2.927 casos de coronavírus, 68 óbitos e 1.196 recuperados até o momento.
Durante o pronunciamento do governador Eduardo Leite, no começo da noite desta segunda-feira, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr., convidado a falar, anunciou medidas que prometem endurecer o distanciamento social na cidade. Ele disse que pretende retroceder aos termos do decreto publicado em março quando, por exemplo, todos os estabelecimentos comerciais não essenciais, independente do porte, e indústrias permaneceram fechados por pelo menos duas semanas.
Essa medida mais forte está sendo preparada por uma equipe de técnicos da administração municipal. Não há uma data precisa para que a determinação seja publicada no Diário Oficial do Município.
“Em Porto Alegre, a gente teve, nos últimos 15 dias, um aumento considerável da demanda por leitos de UTI”, relatou o prefeito. De acordo com Marchezan, em uma colocação ratificada pelo governador, se a demanda de leitos na região Metropolitana crescer como nas últimas duas semanas – quando praticamente dobrou -, não vai ser possível atender a todos os pacientes. “Não é falta de previsibilidade, nem falta de estrutura hospitalar”, defendeu o prefeito.
“A gente tentou nestas duas semanas, mesmo com prognóstico de ampliação rápida de demanda por leitos UTIs, evitar ao máximo aumentar as restrições econômicas. Mas é muito difícil para a população, sem uma política populacional restritiva, diminuir a necessidade de utilização dos coletivos, a abertura do comércio e a circulação das pessoas, que é por onde o vírus circula”, detalhou.
Depois de justificar, o prefeito sentenciou a medida. “Então, nós estamos anunciando, a partir de hoje, que vamos retomar medidas bastante parecidas àquelas do mês de março, que permitiu, somente em abril, suspender este aumento gradativo (de casos)”, afirmou.
Conforme Marchezan, a medida é necessária também para poder atender aos pacientes do interior em alguns dos hospitais da cidade: “50 a 60% dos leitos não são ocupados por pacientes de Porto Alegre”, frisou.
O prefeito também agradeceu ao governador pelo espaço cedido e pela possibilidade de que alguns protocolos da bandeira vermelha possam ser resolvidos pelas alternativas restritivas já aplicadas em cada município. “Nosso adversário é o coronavírus e reconhecemos aqui a gravidade deste vírus. Precisamos controlar a circulação, ampliar o número de testes, de leitos e estruturas hospitalares”, concluiu.
Em live no domingo, quando a cidade ainda tinha 94 infectados em UTIs, o prefeito revelou projeções analisadas pelo Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus caso os números continuem avançando.
Segundo a análise, considerando o crescimento durante o período do dia 2 de junho até o dia 21 do mesmo mês, em que a cidade saltou de 42 para 94 infectados em tratamento, se a velocidade se mantiver, no dia 20 de julho, a cidade pode ter 400 leitos ocupados pelos pacientes da Covid.
O recorte também considera os últimos três dias, de 18 de junho até o último domingo. Nessa análise, a capital, que saiu de 77 para 94 leitos ocupados, pode dobrar as internações em 10 dias, o que indica o sistema de Saúde próximo ao “sufocamento” em 13 de julho.