O prefeito de Gravataí, Marco Alba (MDB), lamentou hoje, em nota, a notícia de que a cidade da região metropolitana perdeu, para Santa Catarina, a instalação de um centro de distribuição da empresa Mercado Livre, negociada desde julho do ano passado. A estimativa, de acordo com ele, era gerar dois mil empregos com o empreendimento. No comunicado, Alba critica a legislação tributária do Rio Grande do Sul e reclama do “abismo” entre “belos discursos” e “poucas práticas”, em referência á suposta falta de apoio do governo estadual: “Parole, parole, parole”, escreve o prefeito.
Alba relata ter recebido um telefonema de um executivo do grupo, na tarde desta sexta. A Mercado Livre alega falta de apoio da Secretaria Estadual da Fazenda em flexibilizar “o momento da tributação”, viabilizando, assim, o projeto. Também em comunicado, a Pasta garante não ter sido oficialmente comunicada da desistência. A Sefaz sustenta que empreendeu “todos os esforços possíveis para garantir o investimento” e que ainda “busca o melhor entendimento”.
A nota do prefeito lembra que a Mercado Livre suspendeu, ainda, em fevereiro, a consolidação do negócio, à espera de “sensibilizar o governo gaúcho para as necessárias modernizações de legislação tributária”. Marco Alba lamenta que o governo catarinense tenha sido “ágil e pouco burocrático para analisar e atender ao pleito” e pede mais “foco e inovação” aos gestores do Rio Grande do Sul. “Nossos vizinhos acima do Rio Mampituba agradecem”, ironiza.
Já o comunicado da Sefaz assegura que, desde o início das negociações, o governo vem procurando garantir as condições para que a companhia amplie, no estado, negócios já existentes. A Pasta relata ter oferecido, “conforme demanda da empresa, uma harmonização da legislação tributária do RS com a de SP para que fosse possível a instalação do CD nas mesmas regras de outros centros de distribuição”. A Secretaria esclarece, ainda, que permanece tentando superar questões adicionais ao modelo paulista em vigor, surgidas à medida que as negociações avançaram. “A Receita Estadual, inclusive, está levando esse assunto ao âmbito do Confaz para que seja discutido um padrão nacional para as operações de Fulfillment (logística de e-commerce)”, complementa.
Marco Alba entende de outra forma. Em uma crítica velada às gestões do PSDB (de Leite e do governador de São Paulo, João Dória), o prefeito reclama, na nota, que o Palácio Piratini “limitou-se a repetir a cartilha e reproduzir a interpretação de São Paulo (coincidência?), ao não acolher os argumentos da empresa e se recusar a modernizar sua legislação tributária”.