“Se nada for feito teremos um colapso de leitos de UTI em Porto Alegre”, projeta diretora do Clínicas

Hospital possui mais de 50 profissionais de saúde afastados em função da Covid-19

Centro de referência no combate ao coronavírus em Porto Alegre, Hospital de Clínicas é um dos que oferece leitos de UTI na cidade | Foto: Clóvis S. Prates/Hospital de Clínicas
Foto: Clóvis S. Prates/Hospital de Clínicas

O Hospital de Clínicas, uma das instituições preparadas para ser referência no tratamento à Covid-19 em Porto Alegre, tem hoje o maior número de pacientes em UTI com a doença. Em entrevista à Rádio Guaíba, na manhã desta quarta-feira, a diretora-presidente do Clínicas, Nadine Clausell, pediu a compreensão das pessoas no enfrentamento do novo coronavírus e disse que, se o aumento do número de casos seguir nesse ritmo, haverá um colapso do sistema hospitalar em Porto Alegre até o final deste mês.

“Nós trabalhamos com o modelo de predição de esgotamento de leitos de UTIs. Eu tenho um receio de que até o final de junho ou primeira semana de julho a gente possa ter um colapso de leitos de UTI em Porto Alegre se nada for feito”, projeta.

Outro ponto que o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) enfrenta dificuldade nesse momento diz respeito a casos de coronavírus entre funcionários. De acordo com a diretora, há mais de 50 servidores afastados em função da doença. Alguns são assintomáticos, mas precisam cumprir um período de afastamento após testagem. “Por isso, a importância das medidas de distanciamento social, pois se reflete em um menor número de profissionais contaminados. Nós temos mais de 50 profissionais, que seriam dedicados para a área de Covid, afastados do hospital. Outro ponto importante é que também não é fácil encontrar esses profissionais de saúde. Então o cobertor começa a ficar curto”, ressalta.

Pertencente a rede hospitais universitários do Ministério da Educação, o Clínicas já investiu 90% da verba de R$ 57 milhões repassada pelo governo federal para ampliar a capacidade de atendimento a casos graves de infecção pelo novo coronavírus. Desde março, foram criados 46 leitos específicos de terapia intensiva para pacientes com a Covid-19.

Na manhã desta quarta-feira, o HCPA registra ocupação de 80,36% dos leitos de UTIs. Dos 112 disponíveis, 90 estão ocupados. Desse número, 34 pacientes estão tratando a Covid-19 e outros quatro ainda são considerados suspeitos para a doença.