Bolsonaro: depois dos EUA, Brasil pode sair da OMS

Presidente reclamou de "viés ideológico" do trabalho da organização na pandemia

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro criticou o trabalho da Organização Mundial da Saúde (OMS) durante a pandemia de coronavírus e disse que o governo pode deixar a organização, que segundo ele vem atuando “com viés ideológico”. No fim de maio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a saída do país da OMS, congelando repasses à entidade.

“E adianto aqui, os Estados Unidos saíram da OMS, e a gente estuda, no futuro, ou a OMS trabalha sem viés ideológico, ou vamos estar fora também. Não precisamos de ninguém de lá de fora para dar palpite na saúde aqui dentro”, disse Bolsonaro a jornalistas na portaria do Palácio da Alvorada, na noite desta sexta-feira.

O presidente se referiu à controvérsia causada pelas pesquisas que a OMS conduzia sobre a hidroxicloroquina no tratamento do novo coronavírus. “Para que serve essa OMS? A OMS recomendou há poucos dias não prosseguir mais com os estudos sobre a hidroxicloroquina, e agora voltou atrás. É só tirar a grana deles que eles começam pensar de maneira diferente”, disse Bolsonaro.

Durante a semana, a OMS retomou estudos com o medicamento, após aplicar uma suspensão dos testes por 10 dias, depois da revisão de um estudo publicado pela revista médico-científica The Lancet.

A agência internacional, especializada em saúde e fundada em 7 de abril de 1948, é subordinada à Organização das Nações Unidas (ONU). A  sede fica em Genebra, na Suíça.

No caso do Brasil, para aderir à organização, o país ratificou internamente um tratado internacional de criação da agência. Uma eventual saída desse tratado precisa passar pelo Congresso Nacional.

Divulgação de balanço
Durante a entrevista, o presidente Jair Bolsonaro também comentou a mudança de horário na divulgação do balanço das infecções e mortes por Covid-19, atualizado diariamente pelo Ministério da Saúde. Desde a última quarta-feira, a pasta só envia os dados consolidados do dia por volta das 22h. Antes, esse balanço era enviado por volta das 19h.

“É para pegar os resultados mais consolidados e tem que divulgar os mortos do dia. Ontem, os mortos eram de dias anteriores. Se quiser, faz um consolidado para trás, mas tem que mostrar os mortos do dia”, disse Bolsonaro, sobre a metodologia de divulgação adotada pelo Ministério da Saúde.

Em comunicado à imprensa, o ministério informou que os números de casos de covid-19 e de mortes causadas pela doença são repassados à pasta pelas secretarias estaduais e municipais de Saúde. O ministério acrescentou que analisa e consolida os dados e que em alguns casos “há necessidade de checagem junto aos gestores locais”.