Santos Cruz rechaça golpe no Brasil e assegura que Constituição não autoriza Exército a intervir

Em entrevista à Rádio Guaíba, ex-ministro do governo Bolsonaro, também negou que generais representem as Forças Armadas no governo

Santos Cruz. Foto: EBC

O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro, assegurou, nesta quarta-feira, que não existe qualquer possibilidade de um novo golpe militar no Brasil. “Acho que não existe nenhuma possibilidade de golpe no país. O problema é que tudo está sendo potencializado e qualquer faísca parece que vai explodir, mas não vai”, garantiu o militar.

Em entrevista ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, Santos Cruz foi enfático ao afirmar que o artigo 142 da Constituição não autoriza intervenção alguma dos militares. “As Forças Armadas não são um poder moderador. Essa interpretação é completamente equivocada, mesmo que seja feita por pessoas respeitadas e com conhecimento jurídico (…) A troco de que as Forças Armadas vão se meter entre um poder e outro?”, questionou. Apoiadores de Bolsonaro entendem que o artigo 142 autoriza as Forças Armadas a, inclusive, destituírem integrantes do Supremo Tribunal Federal.

Em meio ao tensionamento político, o general também repudiou a declaração de Eduardo Bolsonaro, que afirmou que uma ruptura institucional no Brasil “não é mais uma questão de “se” (vai ocorrer ou não), mas de quando”. “Eu não vou considerar a palavra de filho. Ser filho de presidente não é função pública. Ele é deputado federal e acho isso completamente fora de propósito e descabido”, enquadrou Santos Cruz.

Ainda durante entrevista, o militar negou, apesar da frequente vinculação do governo Bolsonaro com o Exército, que os generais ministros representem as Forças Armadas dentro do Planalto. Mesmo tendo deixado o governo depois de seis meses, Santos Cruz não mostrou arrependimento de ter votado e participado da gestão de Bolsonaro. O militar, que comandou as forças da ONU no Haiti e no Congo, lamentou, contudo, que o governo venha “perdendo energia” com assuntos menos importantes.