Após mais de 15 dias internada, morre namorada de angolano baleada por engano pela polícia, em Gravataí

Dorildes Laurindo, de 56 anos, foi atingida por disparos na medula e intestino

Foto: Divulgação/ Santa Casa

Morreu na noite desta terça-feira no Hospital Dom João Becker, em Gravataí, Dorildes Laurindo, de 56 anos. Ela era namorada do angolano Gilberto Casta Almeida, de 26 anos, preso após ter presenciado um tiroteio entre policiais militares e o motorista de aplicativo do qual o casal era passageiro na noite do dia 17 de maio.

Segundo familiares e a advogada da família, Dorildes estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e teve morte cerebral confirmada ontem. A costureira foi atingida por disparos na medula e no intestino. O corpo de Dorildes será sepultado nesta quarta-feira no Memorial da Colina, em Cachoeirinha.

Na ocasião, o casal foi baleado e o africano acabou sendo preso, pois, segundo os policiais militares, Gilberto teria revidado com o uso de arma de fogo. Almeida foi solto após 12 dias. A investigação da Polícia Civil apontou que o motorista de aplicativo era foragido da Justiça, onde responde por uma tentativa de feminicídio. O condutor tentou fugir, mas acabou preso. O inquérito confirmou que partiu da arma dele o disparo contra a guarnição.

Dentre as medidas adotadas, a advogada do casal, Ana Konrath afirmou em entrevista à Radio Guaíba nesta manhã que entrará na justiça contra o Estado. “Com toda certeza será ajuizado em momento oportuno uma ação contra o Estado. Sei que dinheiro nenhum vai pagar o que custou a vida da Dorildes e a humilhação que passou o Gilberto. Ao menos vai trazer um pouco de conforto a eles e a sensação de justiça”, afirma.

Contraponto

O comandante do 17º Batalhão de Polícia Militar, major Luís Felipe Neves Moreira, afirmou que um Inquérito Policial Militar (IPM) foi aberto no dia seguinte à ocorrência dos fatos. As armas dos envolvidos foram apreendidas. A partir de então, a polícia tem 40 dias, prorrogáveis por mais 20 dias, para concluir o inquérito e remeter à Justiça Militar do Estado. Os três policiais que atuaram na ocorrência permanecem em suas atividades normais até a conclusão da investigação.