Governadores dos EUA resistem à ideia de Trump de empregar militares contra manifestantes

Corpo do segurança George Floyd, cuja morte deu início ao levante popular, vai ser sepultado na segunda-feira

Foto: Reprodução/Twitter

Governadores de diversos estados norte-americanos, incluindo democratas e republicanos, rejeitaram a sugestão feita nessa segunda-feira, pelo presidente Donald Trump, de empregar militares para pacificar as cidades onde acontecem, há mais de uma semana, protestos contra o racismo e a violência policial desde a morte do segurança negro George Floyd, após uma abordagem abusiva de quatro policiais brancos, na saída de uma loja de conveniência.

Em uma tentativa de demonstrar força após não mencionar o assunto publicamente durante toda a semana passada, Trump discursou dizendo ser o “presidente da lei e da ordem” e colocando militares à disposição de governadores e prefeitos das cidades afetadas pelas manifestações.

Logo após o discurso, os governadores Andrew Cuomo (Nova York), J.B. Pritzker (Illinois), Gretchen Whitmer (Michigan), Steve Sisolak (Nevada), Kate Brown (Oregon) e Jay Inslee (Washington), todos do Partido Democrata, disseram que vão recusar a presença de militares até onde for possível.

“Colocar soldados armados nas ruas dos EUA é exatamente o que ele quer”, disse Kate Brown. “Ele deixou isso bem claro na conferência com governadores do país”.

“O fato é que ele quis criar um momento incendiário aqui e mudar os fatos”, criticou Pritzker. “Não queremos que tropas federais venham para o estado de Illinois. Há uma maioria de manifestantes pacíficos e eles devem ser protegidos”, completou.

Todos os estados dispõem de contingente da Guarda Nacional, que vêm sendo usado pelos governadores nas cidades onde ocorre mais violência. O que Trump propõe, no entanto, é aplicar a chamada Lei da Insurreição, de 1807, que permite o uso das Forças Armadas dentro do território norte-americano.

O governador da Virgínia, o também democrata Ralph Northam, disse que recusou um pedido do governo federal para o envio de 5 mil homens da Guarda Nacional, do estado para a capital, Washington, a fim de ajudar em uma demonstração de força convocada por Trump.

Até mesmo os republicanos, do mesmo partido do presidente, vêm relutando em aceitar a “ajuda”. É o caso de Greg Abbot, governador do Texas. “Nós não vamos pedir a presença de militares no Texas. Sabemos cuidar de nós mesmos e temos recursos suficientes para isso”, disse.

Estado de alerta elevado

Nesta terça, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos elevou o estado de alerta de segurança na capital, Washington, para o segundo maior nível, por conta dos protestos contra o racismo e a violência policial.

As autoridades temem vandalismo e ataques contra o Pentágono e outras instalações de Defesa, além de desordem pública. O aumento do nível de alerta resulta em maior segurança, incluindo verificações adicionais de identidade nas instalações de defesa.

George Floyd vai ser sepultado na segunda-feira

O funeral de George Floyd, cuja morte deu início aos protestos contra o racismo, ocorre na próxima segunda-feira, na The Fountain of Praise Church, em Houston, anunciou a família. Antes, um culto em memória dele, aberto ao público, vai ser realizado, na quinta à tarde, no campus da North Central University, em Minneapolis.

Um comunicado do Fort Bend Memorial Planning Center detalha que, um dia após o funeral, na terça, ocorre, ainda, uma celebração à vida do segurança.

George Floyd, de 46 anos, morreu asfixiado por um dos policiais, que prensou o joelho sobre o pescoço dele, por cerca de 7 minutos, após a imobilização. Floyd havia sido acusado de usar uma nota falsa de 20 dólares para fazer compras na loja de onde saía.

Segundo as informações da família, o ex-boxeador profissional Floyd Mayweather vai pagar pelos serviços fúnebres. Não há divulgação de quem é esperado, mas ao que tudo indica, as despedidas devem contar com presenças de notabilidade.