Surto de Covid em Nova Araçá eleva para 981 número de infectados em indústrias e frigoríficos no RS

Acordo com o MPT prevê o fechamento da fábrica a partir desta sexta para desinfecção completa, por três dias

Foto: Fernando Dias / Divulgação / CP Memória

O registro de mais um surto de Covid-19, dessa vez com 158 infectados e uma morte, em Nova Araçá, na Serra, elevou para 981 o número de pessoas contaminadas, coletivamente, dentro de empresas gaúchas. A Secretaria Estadual da Saúde monitora 36 situações do tipo. De um total de mais de 32 mil trabalhadores expostos, 3,5 mil apresentaram sintomas de síndrome gripal e 981 deram positivo para o novo coronavírus.

O surto de Nova Araçá, registrado na empresa AgroAraçá Alimentos, é o segundo maior em número de doentes. Em Garibaldi, também na Serra, 240 pessoas se infectaram em outro estabelecimento do tipo. Ao todo, 23 cidades gaúchas notificaram surtos em empresas e indústrias, a maioria na Serra e no Norte. Foram quatro mortes diretamente relacionadas a essas situações e outras 11, indiretamente.

Em Nova Araçá, a Prefeitura informou que equipes da Secretaria Municipal de Saúde fazem, nesta sexta-feira, o monitoramento da triagem e a testagem em massa dos trabalhadores da AgroAraçá. Também hoje, entrou em vigor um decreto do prefeito Pedro Sotili que proíbe a abertura de serviços não essenciais, até domingo, a fim de reduzir a circulação de pessoas. A medida vale para o comércio varejista em geral, igrejas, academias, clubes e salões comunitários, bares e armazéns, lancheiras, clínicas estéticas e salões de beleza, pet shops e o serviço de táxi.

Frigorífico interrompe produção

Nesta sexta, o Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul (MPT-RS) informou que o frigorífico AgroAraçá havia firmado, já na quarta-feira, um termo de ajuste de conduta (TAC) específico para o período de epidemia de Covid-19. O acordo prevê o fechamento da fábrica, a partir de hoje, para desinfecção completa, por três dias.

Na segunda-feira, dia 1º, a empresa retoma as atividades com quantitativo reduzido de empregados, que tenham resultado negativo no teste e não tenham entrado em contato com pessoas com suspeita ou confirmação da doença.

O quadro reduzido de empregados em 40%, com redução proporcional de abates, fica mantido até o dia 10, quando passa a ocorrer o retorno paulatino dos trabalhadores. Aqueles que testarem positivo serão mantidos em afastamento por 14 dias, garantida a remuneração no período. Eles só devem retornar às atividades se estiverem assintomáticos, por 72 horas, depois dessas duas semanas.

Entre outros itens, a empresa também se comprometeu a organizar a prestação de trabalho no setor produtivo, a fim de que seja adotada distância não inferior a um metro entre empregados, incluindo distanciamento lateral e frontal; sejam implantados anteparos físicos constituídos de material impermeável entre os postos de trabalho, e sejam fornecidas face shields (máscaras faciais de acetato) e máscaras de proteção facial.

O TAC prevê, ainda, a vacinação contra influenza A (H1N1), A (H3N2) e B, que a empresa projeta para junho, e eliminação de aglomerações em áreas comuns e no transporte oferecido pela empresa. A fábrica emprega 1.573 pessoas.

Em outras cidades, três frigoríficos – um em Garibaldi e dois em Lajeado – seguem com interdição parcial das atividades, também em função de surtos de Covid.