Estudo projeta perda de R$ 100 milhões para empresas intermunicipais de ônibus de março a junho

Queda em número de passageiros, agravada pelo novo coronavírus, chega a 75%

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Foto: Fabiano do Amaral / CP Memória

Um estudo inédito apontou que as empresas intermunicipais de ônibus devem perder R$ 100,3 milhões em receita, apenas entre março e junho, devido à queda de demanda provocada pela pandemia de Covid-19. Os impactos do coronavírus sobre o sistema de transporte de passageiros foram apurados pelo Comitê de Dados da Secretaria Estadual de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag), integrados por técnicos da Ufrgs e da Agergs, entre outros órgãos.

Apenas nas linhas da Grande Porto Alegre, o número de usuários caiu 75%, com base em informações da bilhetagem eletrônica. Antes da Covid-19, o sistema metropolitano tinha média de 300 mil usuários/dia, cifra que despencou para menos de 80 mil nas primeiras fases de isolamento social.

Os especialistas advertem para o risco de interrupções de serviço e demissões em massa, o que pode desestrutur equipes de trabalho e dificultar a retomada pós-pandemia. Conforme o grupo de trabalho que avaliou a situação do transporte intermunicipal, o quadro é especialmente grave nos Sistemas de Longo Curso e na região metropolitana de Porto Alegre.

O levantamento estima perda média de receita de 43% entre as empresas do segmento. Além de projetar um impacto negativo de R$ 25,1 milhões ao mês, de março a junho, a pesquisa mostra que o custo mensal para manter os ônibus circulando chega a R$ 44,7 milhões, mesmo com uma redução de oferta da ordem de 60%. Em média, os salários dos funcionários e combustível correspondem a 70% das despesas do setor.

O transporte intermunicipal registra queda no número de passageiros, de maneira constante, desde 2012. Segundo os dados da Seplag, nos dois maiores sistemas passa de 61 milhões, em apenas oito anos, o volume de usuários que deixou de andar de ônibus. Nas linhas de longo curso, as perdas entre 2011 e 2019 chegaram a 23,5 milhões de passageiros (-43,30%), enquanto nos itinerários da Grande Porto Alegre o recuo provocou rombo ainda maior, de 37,9 milhões (-28,4%).