Governo vai enfrentar STF e quer habeas corpus preventivo para Weintraub

Bolsonaro e o ministro da Justiça, André Luiz Mendonça, debatem o texto nesta noite

Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil / CP

Após uma reunião de emergência no Palácio do Planalto, na tarde desta quarta, o governo federal discute detalhes de um habeas corpus preventivo ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, convocado pelo Supremo Tribunal Federal a prestar depoimento na Polícia Federal após críticas aos integrantes da Corte. As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

O texto é debatido nesta noite pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça, André Luiz Mendonça, e o ministro da Advocacia-Geral da União, Levi Mello, no Palácio da Alvorada.

Ao chegar à residência oficial, Bolsonaro, sem citar o STF, disse aos apoiadores que vai trabalhar até meia-noite junto com Mendonça. “Tô trazendo trabalho pra casa, tô com o ministro da Justiça para trabalhar até a meia-noite para resolver alguns problemas, tá ok?”, afirmou ele, apontando para o ministro.

De acordo com auxiliares do presidente, a divulgação de uma nota conjunta rechaçando a atuação do STF continua sendo discutida no governo. Também não está descartada uma renomeação de Alexandre Ramagem, atual chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para a chefia da Polícia Federal. Próximo da família Bolsonaro, Ramagem teve a posse barrada por uma liminar do ministro Alexandre de Moraes, que viu ali “desvio de finalidade”.

Nessa tarde, todos os ministros em Brasília foram convocados de última hora para discutir uma reação às medidas do STF após a operação da Polícia Federal, que teve como alvos blogueiros e empresários apoiadores do presidente. Ministros e assessores criticaram a operação ao longo do dia.

O encontro debateu a recusa de Weintraub de comparecer ao depoimento determinado por Alexandre de Moraes para esclarecer ataques feitos ao ministros da Corte.

Em reunião com o presidente e outros ministros, no dia 22 de abril, Weintraub defendeu colocar “esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”. O prazo é de cinco dias para que o ministro preste depoimento à Polícia Federal (PF).

A oitiva deve se dar no âmbito do inquérito das fake news, que apura ameaças, calúnias e ofensas disseminadas contra integrantes do Supremo. É a mesma investigação em que a PF realizou a operação desta quarta-feira.

As buscas e apreensões em endereços de apoiadores de Bolsonaro incomodaram até mesmo integrantes da ala que costuma defender ponderação nas ações do governo. A avaliação é de que houve abuso na operação.

Na reunião desta quarta no Palácio do Planalto, segundo apurou o Estadão, Bolsonaro listou decisões do Supremo que, na visão dele, configuraram excessos da Corte. Na lista consta também a divulgação do vídeo da reunião do dia 22 de abril, determinada pelo ministro Celso de Mello no inquérito que apura interferência do presidente na Polícia Federal.