Rodoviários de Porto Alegre podem fazer protesto na segunda-feira

De acordo com o presidente em exercício do Stetpoa, Sandro Abbade, objetivo do ato é mostrar a intenção dos trabalhadores de dialogar sobre demissões e salário parcelado

Foto: Ricardo Giusti / CP

Rodoviários de Porto Alegre devem realizar protesto na segunda-feira por conta do parcelamento dos salários e das demissões que vêm ocorrendo em decorrência da pandemia do novo coronavírus. De acordo com o presidente em exercício do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte de Porto Alegre (Stetpoa), Sandro Abbade, o objetivo do ato é mostrar às empresas que os trabalhadores querem dialogar sobre o que está ocorrendo. “A nossa intenção é fazer com que as empresas de ônibus paguem corretamente os funcionários, os salários estão sendo parcelados, a parte que elas devem pagar, não estão pagando”, afirmou.

Conforme Abbade, a entidade também analisa a possibilidade de demissões futuramente e pretende tentar evitar que isso ocorra. “Vamos fazer esse protesto até para que até mesmo eles nos chamem para sentar e conversar, o que não vem acontecendo. Todo dia temos menos ônibus nas ruas, mais trabalhadores estão ficando em casa e sem receber, nosso protesto é direcionado a esse contexto que estamos vivendo hoje, porque está nos parecendo que a medida provisória [MP 966, do governo federal, que permite suspender contratos e reduzir salário e jornada] está sendo mais uma cortina de fumaça para prejudicar o trabalhador”, desabafou.

Sobre as demissões, Abbade destacou que praticamente todas as empresas vêm dispensando, mas o que mais assusta é a redução das tabelas horárias (de cerca de 60%). “Estamos preocupados e mais ainda com essa dificuldade, porque os trabalhadores além de estarem recebendo menos, estão com os vencimentos parcelados. É esse o nosso protesto, estamos reivindicando os nossos direitos”, destacou, reforçando que serão diversos os protestos, a partir de segunda-feira. A possibilidade de uma paralisação não é descartada. “A princípio vamos fazer um protesto nos corredores de ônibus, nos paradões, começando com a divulgação do nosso material e explicando a pauta para o trabalhador”, disse.

No levantamento da diretoria do Stetpoa, 80% das empresas aderiram ao parcelamento de salários, mesmo com a adesão ao programa do governo federal, o que na avaliação da entidade é inadmissível para a classe trabalhadora que vem cumprindo papel essencial no enfrentamento da pandemia, afirmou Abbade. “Nós admiramos muito a classe da saúde, porém, em muitos casos nós levamos o enfermo até a porta do hospital, e isso pode custar caro para um trabalhador e sua família, e ainda temos que sofrer na carne a recessão provocada pela falta de diálogo e péssima condução por parte do empresariado e do governo municipal”, declarou.

Na segunda-feira, o Stetpoa deve estar nas avenidas João Pessoa, Farrapos e Osvaldo Aranha, distribuindo materiais informativos aos motoristas e cobradores de ônibus. “Vai ter ônibus, não vamos parar nenhuma empresa de ônibus nesse primeiro momento, mas está sendo construída essa possibilidade, se persistir o que está acontecendo, vai ser inevitável”, enfatizou.

A Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) disse que, como anunciado no início do mês, oito das 11 empresas tiveram que parcelar os salários dos rodoviários devido à crise financeira das empresas privadas de ônibus. “A queda constante no número de passageiros, se agravou neste período de pandemia, e afetou a arrecadação. Estão ocorrendo algumas demissões em algumas empresas, mas não chega a ser um número expressivo”, informou a ATP.

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