“Eu sou o chefe supremo das forças armadas, ponto final”, declara Bolsonaro em reunião

"E havendo necessidade, qualquer dos poderes, pode, né? Pedir às forças armadas que intervenham para restabelecer a ordem no Brasil", completou

Foto: Isác Nóbrega/PR

O presidente Jair Bolsonaro defendeu a decisão de ter participado de um ato antidemocrático contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), ocorrido em frente ao Quartel General do Exército, em abril. Bolsonaro afirmou ainda que é “o chefe supremo das Forças Armadas”, durante reunião ministerial em 22 de abril, quando também disse que, “havendo necessidade, qualquer dos poderes pode pedir que às Forças Armadas intervenham para restabelecer a ordem no Brasil”. Os trechos foram degravados pelo jornal O Estado de S.Paulo.

“Eu sou o chefe supremo das Forças Armadas. Ponto final. O pessoal tava lá, eu fui lá. Dia do Exército. E falei algo que eu acho que não tem nada de mais. Mas a repercussão é enorme”, afirmou o mandatário.

O presidente disse ainda que os poderes podem pedir intervenção das Forças Armadas, se preciso. “E havendo necessidade, qualquer dos poderes, pode, né? Pedir às forças armadas que intervenham para restabelecer a ordem no Brasil, naquele local sem problema nenhum. Agora todos, né? Tem que se preocupar com a questão política, e a quem de direito, tira a cabeça da toca, porra.”

Na manifestação do dia 19 de abril, Bolsonaro pregou o fim da “patifaria” e disse que não pretendia “negociar nada”. Ele discursou a seguidores que exibiam inscrições favoráveis a um novo AI-5, o ato mais duro da ditadura militar.

Na reunião ministerial, o presidente minimizou as referências de apoiadores ao ato. “Quando a Câmara faz lá dentro uma homenagem a Che Guevara, a Mao Tse-Tung e tudo mais, não tem problema nenhum. Quando o Partido Comunista do Brasil faz suas convenções e idolatram lá Fidel Castro, entre outros, não tem problema nenhum. Quando um coitado levanta uma placa de Al-5, que eu tô me lixando para aquilo, porque não existe AI-5. Não existe.”

“Meu exame de… vírus”

O presidente Jair Bolsonaro ainda disse, também durante reunião ministerial de 22 de abril, que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) queria abrir processo de impeachment porque ele não havia apresentado, à época, o resultado dos exames que realizou para verificar se havia sido ou não infectado pelo novo coronavírus.

O comentário de Bolsonaro sobre os exames de Covid-19 veio à tona quando o presidente comentou os efeitos da pandemia sobre a economia brasileira.

“Vai ser uma porrada muito maior do que você possa imaginar. Não são apenas os informais. Eu acho que já bateu a dez milhões de carteira assinada, foi pro saco. E os governos estaduais não tem como pagar salário … não tem. Maio, metade dos estados não te .. . não vai ter como pagar salário mais. A desgraça tá aí. Eles vão querer empurrar essa … essa … essa trozoba pra cima da gente, esse pessoal aqui do lado vai querer empurrar, e a gente vai reagir porque aqui não é saco sem fundo. Tá? Então essa preocupação vamos ter. Paralelamente a isso tem aí OAB da vida, enchendo o saco do Supremo, pra abrir o processo de impeachment porque eu não apresentei meu … meu exame de … de … de … de vírus, essas frescurada toda, que todo mundo tem que tá ligado”, afirmou o presidente.

Procurada, a OAB ainda não se manifestou.