Ernesto Araújo condena politização das críticas à China durante pandemia

Em entrevista à Rádio Guaíba, chanceler Ernesto Araújo também comentou o teor das reuniões ministeriais do governo Bolsonaro

Ministro Ernesto Araújo concedeu entrevista à Rádio Guaíba nesta quinta | Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O ministro das Relações Exteriores evitou endossar críticas à China, feitas por lideranças do bolsonarismo e pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Para Ernesto Araújo, as cobranças por mais transparência do governo chinês sobre a pandemia de Covid-19 devem ser feitas sem animosidades. O chanceler concedeu uma entrevista exclusiva ao programa Bom Dia da Rádio Guaíba, nesta quinta-feira, e falou sobre esse e outros assuntos da diplomacia brasileira (clique aqui e ouça a entrevista).

Ernesto Araújo descartou a necessidade de haver um “acerto de contas” com o governo chinês acerca da postura do país no início da pandemia. Pequim foi acusada de reter informações e prejudicar a ação global de combate à doença causada pelo novo coronavírus. “É necessário que toda a informação sobre a origem do vírus e sobre seu desdobramento e sobre sua expansão inicial venha à luz. Isso sem nenhum tipo de crítica ou animosidade contra a China”, sustentou. “Vários países do mundo estão com essa preocupação e dizendo isso de maneiras diferentes. A gente não quer entrar, digamos, na dimensão polêmica desse tipo de coisa”, ponderou o chanceler.

Redução de danos

Recentemente, a China foi atacada por nomes de relevância do entorno de Jair Bolsonaro. Um deles foi o filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro. Outro foi o ministro da Educação, Abraham Weintraub. O titular da pasta é investigado por racismo em razão de ofensas direcionadas aos chineses.

Na entrevista, Ernesto Araújo contemporizou a polêmica e ressaltou o diálogo entre o Brasil e o país asiático. “A relação nossa, do Brasil com a China, é uma relação muito madura e muito benéfica para os dois países”, observou citando as negociações comerciais bilaterais. “É uma relação que não se ressente de episódios desse tipo”, prosseguiu Araújo. “Nós temos insistindo muito para que não haja, digamos, essa politização da questão da informação sobre a origem e expansão do vírus”, completou.

Reuniões ministeriais

Ernesto Araújo foi questionado sobre as discussões nas reuniões ministeriais comandadas pelo presidente Jair Bolsonaro. O encontro do dia 22 de abril é investigado pela Polícia Federal no inquérito sobre possíveis interferências políticas do Planalto na corporação. A denúncia foi feita pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro.

O titular do Itamaraty disse não haver brigas nas reuniões, mas ressaltou o papel delas na articulação do governo. “Isso é que cria o espírito de equipe, isso é que cria a possibilidade desse grupo trabalhar como um time”, elogiou. “Não há, de forma nenhuma, brigas. A gente fala muito sinceramente”, avaliou Araújo.


Ouça a entrevista de Ernesto Araújo:

O ministro Ernesto Araújo conversou com os jornalistas Guilherme Baumhardt, Jose Aldo Pinheiro e Jurandir Soares, no Bom Dia. O chanceler falou das relações do Brasil com a Venezuela, os Estados Unidos, os parceiros do Mercosul e das tratativas para ingressar na OCDE.