“Não deve haver promiscuidade”, alerta Marco Aurelio sobre relação entre governo e PF

Ministro do STF também disse duvidar que Jair Bolsonaro seja "altruísta" a ponto de renunciar ao cargo, como sugere FHC

Foto: Carlos Moura / SCO / STF / CP

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, mostrou-se “perplexo” com o atual cenário do Brasil após a crise institucional deflagrada, nesta sexta-feira, com a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça, somada às acusações feitas pelo ex-ministro feitas ao presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista à Rádio Guaíba, Marco Aurélio reiterou o real papel da PF perante a sociedade.

“Precisamos entender que a Polícia Federal é uma polícia de estado e não uma polícia deste ou daquele governo. Essa confusão é péssima e não deve haver promiscuidade neste campo”, advertiu o magistrado, ao comentar a acusação levantada pelo ex-ministro Sérgio Moro de que Bolsonaro pretende aparelhar politicamente a PF.

Em meio ao aprofundamento da crise política, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recomendou a saída de Bolsonaro antes que ele seja “renunciado”. Sobre o pedido de FHC, Marco Aurélio disse considerar que o capitão da reserva não seja “altruísta” para acatar a sugestão. “Haveria altruísmo neste ponto pelo presidente Jair Bolsonaro? Eu não creio que ele caminhe neste sentido” respondeu.

Conforme Marco Aurélio, a crise chegou a “um tamanho que requer providências”. “Eu constatei que até um mandado de segurança impetrado no Supremo pediu informações para Rodrigo Maia sobre os pedidos de impeachment, que vão ganhando novos fatos e dando maior volume para esta ótica”, afirmou.

Sobre a crise sanitária mundial, o ministro do STF criticou a postura adotada pelo presidente Bolsonaro frente à pandemia. “Não é possível que todos em um cenário internacional estejam errados e apenas ele certo, enquadrando o coronavírus como uma simples gripe. O presidente Bolsonaro está isolado”, finalizou.