O vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, pediu ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito contra o ministro da Educação, Abraham Weintraub, pelo crime de preconceito, em razão de uma publicação no Twitter em que ironiza a atuação do governo chinês. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Em 4 de abril, o ministro insinuou que o país asiático vai sair “fortalecido” da crise causada pelo coronavírus, apoiado pelos “aliados” que, supostamente, mantém no Brasil. Em seguida, Weintraub apagou a publicação.
“Quem são os aliados no Brasil do plano infalível do Cebolinha (personagem criado por Maurício de Sousa) para dominar o mundo?” questiona. Na postagem, o ministro usa uma imagem dos personagens da Turma da Mônica ambientada na Muralha da China e, substituindo a letra “r” pela letra “l”, fazendo referência ao modo de falar de Cebolinha, insinuando que se refere aos chineses.
Após a declaração, o PSol e um cidadão comum fizeram requerimentos à Procuradoria-Geral da República para investigar o ministro.
Medeiros analisou os documentos e considerou que Weintraub veiculou “manifestação depreciativa, com a utilização de elementos alusivos à procedência do povo chinês”. Diante disso, pediu diligências, como a obtenção de dados referentes ao acesso (IP e login) que permitiu a postagem.
A Embaixada da China no Brasil repudiou a publicação. “Deliberadamente elaboradas, tais declarações são completamente absurdas e desprezíveis”, cita a nota divulgada pela representação. Para a diplomacia chinesa, as insinuações tiveram “cunho fortemente racista e objetivos indizíveis, tendo causado influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Brasil”.
