Protesto de cegonheiros pede afrouxamento de isolamento social no RS

Mobilização visa chamar atenção para as necessidades da categoria, que reúne 2,4 mil trabalhadores

Foto: Sintravers / Divulgação

Com queda de 65% no transporte de veículos, registrada em março em função da pandemia do novo coronavírus, o Sindicato dos Cegonheiros do Rio Grande do Sul (Sintravers) mobilizou a categoria, na tarde desta quarta-feira, para um buzinaço na zona Norte de Porto Alegre e na região Metropolitana.

Dezenas de cegonheiros participaram da carreata, que saiu da ERS 118, em Gravataí, e pediram afrouxamento do isolamento social no Rio Grande do Sul. Além das perdas do último mês, o grupo alerta que a categoria enfrenta situação complicada em função da parada de produção da General Motors (GM) de Gravataí e a consequente redução na demanda.

Ao classificar as autoridades estaduais e municipais como ‘irresponsáveis’ por adotarem medidas de isolamento social, o presidente do Sintravers, Jefferson Casagrande, disse que a mobilização visa chamar atenção para as necessidades da categoria, que reúne 2,4 mil trabalhadores. “Cegonheiro é transporte exclusivo, a carreta só pode transportar veículos, não pode fazer outro tipo de carga. A GM parou 100% e estamos à beira da falência”, advertiu.

Apesar de reconhecer a necessidade de respeitar as medidas de isolamento, Casagrande afirmou que é preciso flexibilizar a abertura do comércio. “As autoridades estaduais e municipais estão agindo com irresponsabilidade, o povo vai morrer de fome”, avaliou.

Durante o protesto, que passou ainda por Gravataí, Esteio, Sapucaia do Sul e Canoas. “A pandemia é mais importante, concordo, a saúde também, mas é preciso agir com responsabilidade. O que está acontecendo hoje é mais política do que qualquer outra coisa, as autoridades não estão preocupadas em proteger cidadão, querem se promover politicamente”, criticou Casagrande.

Para o dirigente, a categoria vai levar um ano para absorver o impacto de 30 dias parada. “É preciso afrouxamento do isolamento, se não houver isso vai haver falência geral, do comércio e de prestadores de serviço”, frisou.

Acostumado a fazer em média, por mês, entrega de 45 veículos para São Paulo e Argentina, Casagrande viu minguar o serviço durante a pandemia de coronavírus. Ele garante, apesar de ter uma pauta “enorme” de reivindicações ao governo gaúcho, o sindicato não vai pedir nada.

“Não vamos fazer política, fazer ‘pedidinho’ para o governo, que não consegue pagar funcionalismo público. Temos que fazer por nós, queremos trabalho para sustentar família”, explicou. “Por que não fecharam pedágios, por exemplo, que é um foco de transmissão de coronavírus porque lida com dinheiro?”, questionou.