FGV Social: RS é o segundo em maior número de idosos no País

Letalidade da Covid-19 entre pessoas com 80 anos é 13 vezes maior do que na faixa de 50 a 55, e 75 vezes a letalidade da faixa de 10 a 19

Foto: Ulises Conceição / USP Imagens / Divulgação

Com 10,53% da população brasileira com 65 anos ou mais, o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social) divulgou, nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, a pesquisa Onde estão os idosos? Conhecimento contra a Covid-19. A meta é reunir informações detalhadas sobre os grupos etários mais avançados visando auxiliar os gestores de políticas públicas na proteção dessa parcela durante a pandemia do novo coronavírus.

As taxas de letalidade (mortalidade) da doença entre pessoas com 80 anos ou mais de idade são 13 vezes maiores do que na faixa de 50 a 55 anos e 75 vezes a letalidade da faixa de 10 a 19 anos de idade, segundo a pesquisa. Os microdados utilizados pela FGV são da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) anual, de 2018, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os idosos perfazem 13,06% da população do Rio de Janeiro, seguido pelo Rio Grande do Sul (12,95%), São Paulo (11,27%) e Minas Gerais (11,19%). Os estados com a menor proporção de idosos são os da região Norte, com Roraima (5,26%) em primeiro lugar, seguido de Amapá (5,75%), Amazonas (6,7%), Acre (6,9%) e Pará (7,07%).

Por capital, o Rio de Janeiro também ocupa a primeira posição, com 14,5% acima dos 65 anos, com concentração nos bairros de Copacabana, Flamengo, Ipanema e Leblon. Porto Alegre é a segunda cidade com mais proporção de idosos: 14,05%.

O estudo da FGV, coordenado pelo pesquisador Marcelo Neri, busca identificar quem são os idosos brasileiros, como e onde vivem.

O aumento no número de pessoas com 65 anos ou mais na população brasileira chegou a 20% na comparação com os dados de 2012, quando a proporção de idosos era de 8,8%. Há mais idosos entre as mulheres e entre os amarelos e/ou brancos, estratos com maior expectativa de vida e taxa de fertilidade menor.

Os idosos são as pessoas de referência ou os chefes de família de 19,3% dos domicílios no País. Na relação com a pessoa de referência da casa, eles são 91,5% dos avós, 69% dos sogros e sogras e 61,2% dos pais e mães. Esse dado, conforme os indicadores, mostra a dificuldade na política de isolamento domiciliar dessa parcela da população.

Rendimento

Sobre a renda, a FGV revela que os idosos correspondem a 17,44% dos 5% dos brasileiros mais ricos e 1,67% dos 5% mais pobres. Eles compõem 15,54% da classe AB, 13,07% da classe C, 4,71% na classe D e 1,4% da classe E.

Quanto à fonte de renda, os idosos recebem 59,64% das aposentadorias da previdência social, 40,78% dos benefícios do BPC (Benefício de Prestação Continuada) e apenas 0,89% do Bolsa Família.

Panorama mundial

A pesquisa da FGV Social também abrange dados mundiais sobre a proporção da população idosa. O país mais envelhecido em 2020 é o Japão, com 28,4% da população idosa, seguido da Itália: 23,3%. Os locais com as menores taxas de idosos são o continente africano e o Oriente Médio: Emirados Árabes Unidos (1,26%), Catar (1,69%) e Uganda (1,99%).

Turismo

Segundo os dados, os territórios mais ricos do mundo também respondem pela maior proporção de idosos na população. O Brasil está em uma categoria intermediária, porém, a proporção de pessoas com 65 anos ou mais varia de acordo com a renda. Entre 98 países analisados, o Brasil está em 80º no ranking do número de idosos, se considerados os 20% mais pobres, e em 31º do ranking entre os 20% mais ricos da população.

A FGV social analisa também que a atual pandemia se propaga, inicialmente, entre pessoas mais ricas de lugares mais ricos, por meio das redes internacionais de viagem. Nesse aspecto, os modestos 6,4 milhões de turistas estrangeiros que vêm ao Brasil a cada ano (contra 50 milhões da Itália, 70 milhões da Espanha, 78 milhões dos EUA e os 85 milhões da França) acabaram sendo uma vantagem, concluiu a pesquisa.