Impasse entre rodoviários e empresas de ônibus permanece

Apesar da indefinição, sindicato dos trabalhadores garante que categoria vai trabalhar normalmente nesta terça-feira

Foto: Guilherme Almeida/CP

Após mais uma rodada de negociações, nessa segunda-feira, o Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário de Porto Alegre (Stetpoa) e representantes de empresas não chegaram a acordo em torno do pagamento integral dos salários de março da categoria. Mais um encontro mediado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4) ocorre na segunda-feira, às 9h. Apesar da indefinição, o Sindicato dos Rodoviários garante que a categoria vai trabalhar normalmente nesta terça-feira.

O impasse que mantém trabalhadores apreensivos e em compasso de espera decorre do pagamento de apenas 80% dos salários dos funcionários e da possibilidade de redução do vale-alimentação da categoria, de R$ 27,50 para R$ 22. De acordo com vice-presidente do Stepoa, Sandro Abbade, várias empresas já vêm sendo beneficiadas pela Medida Provisória 936/2020, editada para preservar o vínculo empregatício durante os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia. “A reunião não avançou, as empresa não trouxeram esperança de poder regularizar ou ao menos sinalizar que vão regularizar”, reforça.

Ao reconhecer as dificuldades enfrentadas pela população para se locomover, principalmente servidores da área da saúde, Abbade afirmou que a categoria não vai fazer novas paralisações. Ele referendou o entendimento de que a interrupção dos serviços pode prejudicar principalmente enfermeiros e técnicos em enfermagem que dependem do transporte público. “Não vai haver paralisação de nenhuma na empresa. Se for, não é pelo sindicato, até porque estamos com número reduzido de trabalhadores na linha de frente”, observa.

Sobre a reunião dessa segunda-feira, Abbade destacou que representante da Procuradoria-Geral do Município (PGM) explicou que a Prefeitura canaliza boa parte dos recursos para a área da saúde. A informação praticamente afasta a possibilidade de o Executivo ajudar a custear as operações das empresas de transporte.

Segundo o Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa), considerando a situação atual – de redução de passageiros e de horários – o custo total é R$ 42 milhões. A projeção de receita para abril é de R$ 16 de milhões.

O advogado do Seopa, Alceu Machado, reforça que a situação está a cada dia que passa mais insustentável. “Foi algo que ocorreu por força da situação financeira. Não temos espaço para mais nada. Da parte das empresas é isso e é o que pode ser pago”, reiterou.

Ele também adiantou que o setor vai reduzir jornada e salários ou até mesmo suspender os contratos de trabalho enquanto durar a crise gerada pelo coronavírus.

Protesto

Nessa segunda-feira, os ônibus da empresa Nortran não saíram da garagem, no Passo das Pedras, na zona Norte. Motoristas e cobradores cruzaram os braços em decorrência do não pagamento integral da remuneração e benefícios de março.

O ato começou às 4h. Para suprir a falta de ônibus, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) remanejou carros da Sopal e da Navegantes para realizar alguns itinerários da Nortran.

*Com informações dos repórteres Felipe Samuel e Gabriel Guedes 

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