“Cenário é assustador”, reitera secretário sobre empresas de transporte coletivo em Porto Alegre

Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) alertou, nesse final de semana, que, em 15 dias, setor pode não ter verba para abastecer

Foto: Maria Ana Krack/PMPA

Em entrevista para o programa Guaíba News, na tarde desta segunda-feira, o secretário-extraordinário de Mobilidade Urbana, Rodrigo Tortoriello, declarou que o “cenário é assustador” para as empresas de transporte coletivo de Porto Alegre. Nesse domingo, a associação das prestadora do serviço projetou que, em 15 dias, elas não tenham mais dinheiro para abastecer os ônibus com diesel. Embora não tenha soluções definitivas para o impasse, a Prefeitura garante uma linha de crédito, via BNDES, para auxiliar o setor.

O alerta, feito pelo engenheiro de transporte da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP), Antônio Augusto Lovatto, retrata, conforme Tortoriello, exatamente o que as empresas, nos últimos anos, já vêm enfrentando. Para o secretário, a a dificuldade adicional da pandemia de Covid-19 expôs a realidade de “pouca estabilidade financeira” das empresas de transporte coletivo.

Tortoriello explicou que, desde que Porto Alegre adotou medidas de isolamento social em função da pandemia, a oferta de viagens reduziu, o número de usuários caiu e os ônibus passaram a transitar apenas com passageiros sentados, sem gerar aglomerações. Com isso, a receita não cobre o valor das despesas do dia a dia.

A Prefeitura, segundo Tortoriello, vem tentando, chamar a atenção do governo federal para o problema, a fim de pedir auxílio para que, futuramente, o setor não precise demitir. “Estamos fazendo reuniões frequentemente. Na sexta-feira recebemos a resposta que esse era um problema do Município e não do Governo Federal”, afirmou.

Medida paliativa

Conforme o secretário, uma solução paliativa vai ser oferecida: uma linha de financiamento para auxílio emergencial, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Tortoriello admite, ainda assim, que parte das empresas pode não ter crédito suficiente para solicitar o financiamento. “É um respiro para o sistema, não vemos como uma solução”, reiterou.

Sobre as demissões, o secretário reforçou ainda não ter sido necessário “chegar a esse ponto”. Mas conforme ele, caso essa medida precise ser adotada futuramente, o diálogo com os sindicatos vai ser fundamental. “Precisamos que os sindicatos nos ajudem antes disso acontecer, pois podemos tentar acordos como redução da jornada de trabalho, redução de alguns salários. Caso não consigamos esses acordos, se isso vier a acontecer, precisaremos demitir, mas não é o que vemos como solução nesse momento”.

A pandemia de Covid paralisou, ainda, os debates sobre o reajuste das passagens. Não há previsão para que as tabelas horárias se normalizem.