Aumento da procura leva a desabastecimento de gás

Petrobras garante reabastecimento apesar de "falta momentânea". RS é uma das regiões mais críticas, conforme sindicato

Foto: Marcello Casal / Agência Brasil

O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Sérgio Bandeira de Mello, confirmou o aumento “surpreendente e inesperado” na procura por botijões de gás, da ordem de 25% nos últimos 10 dias de março, comparado ao mesmo período do ano passado.

De acordo com a entidade, a Petrobras não conseguiu responder com a velocidade adequada, gerando um atraso entre dois e três dias para as entregas de produto. Mello disse que o atraso no abastecimento é mais sentido em São Paulo. “Um dos motivos foi a interrupção do funcionamento em um duto da Petrobras entre Santos e Mauá”, explicou.

As dificuldades para abastecimento foram confirmadas pelo presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras e Revendedoras de Gás (Sindvargas), Sérgio Costa. “Há caminhões de revendedores ficando na fila, em frente às distribuidoras engarrafadoras, até cinco dias, esperando o produto para carregar”, informou o presidente do sindicato.

O Sindigás informou que as equipes das empresas distribuidoras e revendas seguem trabalhando com plena capacidade. “Portanto, não há razão para estocar GLP (gás de cozinha)”, informou o Sindigás. A entidade apela para que o consumidor compre de forma consciente, de modo que não falte gás para quem precisa do produto para consumo imediato.

Petrobras

À Agência Brasil a Petrobras alegou que, com relação ao gás, não há falta do produto, mesmo com a população tendo aumentado o consumo, por medo de desabastecimento. A estatal informou que, em março, as vendas de gás de cozinha (GLP) totalizaram 615 mil toneladas, 8 mil toneladas acima da quantidade inicialmente acordada com os distribuidores.

Ainda segundo a Petrobras, houve, recentemente, queda de demanda por outros combustíveis – gasolina, diesel e querosene de aviação. Com isso, o processamento das refinarias foi reduzido e, no caso do GLP, a redução da produção vai ser compensada por importação do produto. “As entregas estão garantidas”, garante a estatal.

Por telefone, a assessoria da Petrobras informou ainda que os botijões vazios não estão voltando às distribuidoras, o que prejudica o ciclo do produto. “Por esse motivo, nossa recomendação é a de que não se estoque botijões em casa”, alertou.

Sindicatos rebatem

O Sindigás e o Sindvargas contestaram a justificativa apresentada pela Petrobras para a falta de botijões. “Não há falta de botijões. A maior prova de que há botijões disponíveis são as longas filas de carretas formadas há dias, lotadas de botijões vazios, aguardando a chegada de produto”, disse o presidente do Sindigás.

“Não procede essa argumentação de falta de botijões. Basta ir aos centros de troca de vasilhames para ver. Há grande quantidade de vasilhames tanto nas distribuidoras como nas revendas”, garante o presidente do Sindvargas.

Sérgio Costa disse que um levantamento obtido por meio de um grupo integrado por sindicatos de todo o país, apontou as unidades federativas em situação mais crítica – não por falta de botijões, mas por desabastecimento: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Distrito Federal.