Uma nova manifestação pedindo a reabertura do comércio foi realizada neste sábado em Porto Alegre. Com a participação de aproximadamente 40 carros, com uma média de três pessoas em cada, o protesto, que às 15h saiu da avenida Goethe, no bairro Moinhos de Vento, se deslocou por diversas ruas e avenidas da cidade e focou as críticas no governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e no prefeito da Capital, Nelson Marchezan Júnior.
Para os manifestantes, o fechamento total do comércio é um equívoco, e uma medida que não segue o que o governo federal tem orientado. “Foi uma medida extremamente exagerada, que não segue o que vem orientando o governo federal. Não estamos em um estado de sítio”, criticou a advogada Paula Cassol, uma das líderes da manifestação. Questionada sobre como evitar a aglomeração de pessoas, especialmente nos ônibus, ela sugere uma abertura gradual e alterações no funcionamento. “Seria preciso fazer uma mudança nos horários, não abrir tudo às 8h.”
Durante o percurso da carreata a população que assistia se divida entre apoios e críticas. Ao passar pelo bairro IAPI, moradores gritavam contrários à manifestação. No microfone Paula respondeu por, pelo menos, duas vezes a eles. “Paneleiros de plantão, podem seguir o resto da vida batendo panela, vagabundeando em casa e vivendo de esmola estatal. Mas quem tem dignidade quer trabalhar, quer botar o pão na mesa, quer abrir o seu comércio”, disse.
Mas no mesmo bairro, algumas pessoas apoiavam a manifestação, o que gerava atritos entre vizinhos. “Eu preciso trabalhar”, diziam alguns, que também foram vistos por Paula. “Filma aqui também” dizia ela se direcionando à imprensa para mostrar os apoiadores. No caminhão o discurso era a respeito da necessidade de retorno da atividade econômica e comparativos com o setor público que segue funcionando.
Paula avaliou que ações que envolvam o governo federal tem limites. “A gente não quer que o governo fique mandando esmolas”, afirmou ela para na sequência criticar a possível impressão de mais dinheiro e comparando com ação parecida realizada na Venezuela, onde a medida não funcionou. Em todas as falas, Paula disse que para reabertura do comércio seria necessário tomar medidas para evitar a contaminação.
De acordo com a Empresa Pública de Transportes (EPTC) a carreata não foi autorizada, e os participantes poderiam ser multados caso infringissem alguma regra. A Brigada Militar (BM) acompanhou a manifestação para evitar agressões, pouco antes do evento iniciar ovos foram arremessados contra alguns carros.