Em pronunciamento na noite desta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro mudou o tom do discurso que vinha adotando em meio à crise causada pela pandemia de coronavírus.
Diferente do que havia feito em outras cadeias de rádio e televisão, Bolsonaro evitou criticar as medidas de isolamento social, mas voltou a citar a necessidade de preservação dos níveis de emprego.
“Temos a missão de salvar vidas sem deixar para trás os empregos”, avaliou, defendendo que as medidas restritivas sejam tomadas de forma “racional”.
Depois de usar termos como “gripezinha” e “resfriadinho”, em falas anteriores, o presidente ainda chamou a pandemia de “maior desafio da nossa geração”. E garantiu que o governo trabalha em todas as frentes com o objetivo de salvar vidas e evitar o desemprego.
Bolsonaro também elencou ações das Forças Armadas para ajudar no combate à Covid-19. E, mais uma vez, citou a Organização Mundial da Saúde (OMS), lendo trechos de um discurso recente do diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreysus, sobre a necessidade de preservação de empregos e de assistência a trabalhadores informais e de baixa renda.
O presidente questionou o que vai ser “do camelô, do ambulante, do vendedor de churrasquinho, da diarista, do ajudante de pedreiro e dos caminhoneiros” se não puderem trabalhar. Mas disse que não pretende se valer das palavras (de Adhanom) para “negar a importância de medidas de prevenção contra a pandemia”.
À tarde, a OMS já havia rejeitado a insinuação de Bolsonaro, de que tenha incentivado a quebra do isolamento social. Em mensagem em redes sociais, Tedros Adhanom disse que, no discurso feito em Genebra, nessa segunda-feira, defendeu que os governos financiem políticas sociais para, justamente, permitir que as pessoas que ficarem sem renda possam se manter em casa.
No pronunciamento, Bolsonaro também mencionou a suspensão do reajuste de medicamentos, previsto, de início, para esta quarta-feira. A medida só vai ser reavaliada dentro de dois meses.
O presidente ainda aproveitou para agradecer o “empenho e sacrifício” dos trabalhadores envolvidos no que ele chamou de serviços essenciais, como profissionais de saúde, seguranças, caminhoneiros e agricultores.