Sem citar nominalmente Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou nessa quarta-feira a proposta de isolamento vertical e disse que a hipótese não é viável até que se tenha uma “operação de guerra” para proteger a população mais velha da pandemia de coronavírus.
“Pedir uma liberação vertical sem ter feito uma operação de guerra para proteger os idosos que vivem em comunidades de vários Estados parece uma decisão focada em algo que não está sendo bem elaborado”, avaliou Maia.
Para o deputado, não é possível permitir que uma parte da população mais jovem saia para trabalhar e tenha que “voltar para o mesmo ambiente de 30m²”. “A partir do momento que o governo tiver uma política séria, responsável, olhando para esses idosos, teremos condições para liberar os mais jovens”, afirmou.
Maia também defendeu a liberação de recursos para permitir que os mais pobres fiquem em quarentena, “Se o governo já tivesse garantido a renda para os mais pobres, teríamos garantido previsibilidade e com isso todos estavam fazendo isolamento, esperando a chegada do vírus e assimilando a situação a cada semana”, disse ele.
Salário dos servidores
O presidente da Câmara também voltou a defender um corte nos salários dos servidores para ajudar o Brasil a se recuperar do efeito causado pelo coronavírus na economia.
De acordo com Maia, o debate que ainda está em construção precisa ser tratado com o apoio dos três poderes devido à queda na arrecadação. “Se o Brasil ficou mais pobre, vai gerar desemprego e perda de renda”, afirmou, dizendo ser necessária a colaboração por parte de todos que recebem mais.
“Nós devemos estar preocupados com a vida, o emprego dos brasileiros e a forma como os mais simples podem fazer para passar pelas próximas semanas”, ponderou presidente da Câmara.
Pressão de investidores
Maia ainda criticou a pressão exercida por alguns investidores na tentativa de “impor uma percepção equivocada” a respeito do coronavírus devido às perdas recentes na Bolsa de Valores.
“Quem foi para o risco, foi para o risco. Precisamos agora seguir as orientações do Ministério da Saúde”, disse Maia.