Covid-19: Marchezan descarta aceitar risco de que “é natural pessoas morrerem”

Prefeito de Porto Alegre falou durante o programa Esfera Pública nesta quinta-feira

Prefeito Nelson Marchezan Júnior comentou decreto em entrevista na Rádio Guaíba | Foto: Guilherme Testa/CP
Foto: Guilherme Testa/CP

Em entrevista para o programa Esfera Pública, nesta quinta-feira, o prefeito Nelson Marchezan Júnior reforçou o pedido para que a população permaneça em casa e usou como exemplo os casos da Inglaterra e da Itália para dizer que, como chefe do Executivo, não vai aceitar o risco de deixar que pessoas morram infectadas pelo novo coronavírus. Marchezan deu a declaração ao ser questionado sobre as últimas declarações sobre a pandemia feitas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.

Marchezan lamentou a primeira morte por coronavírus no Rio Grande do Sul, que ocorreu em Porto Alegre, na última terça. E disse que, como chefe do Executivo, é difícil para ele mensurar e entender que o número de óbitos pode aumentar consideravelmente nas próximas semanas. “Um óbito já foi muito ruim de entender… e saber que esse número ainda vai aumentar”.

Ainda sobre a declaração de Bolsonaro, que na terça se referiu ao coronavírus como “gripezinha”, pedindo que a população retome as atividades normalmente, o prefeito afirmou que ouviu o pronunciamento e que as falas do presidente “não contribuíram em nada” para que se caminhe seguindo as “orientações e experimentos mundiais”. Marchezan lembrou que Jair Bolsonaro se mostra em posição oposta a todos os outros presidentes dos maiores países do mundo.

“Fica muito difícil, porque ele é uma liderança pública e que possui alguns seguidores… Mesmo que, às vezes, esses seguidores tenham dificuldade de entender que até líderes erram… E não precisamos crucificar os nossos líderes quando eles erram, mas houve um erro nessa questão, que pode custar vidas”, considerou.

Para Marchezan, no momento a população e os governantes devem entender que o único inimigo do país é o vírus. Para ele, é necessário que todos se unam, para que as orientações passadas diariamente sejam levadas a sério. “Depois a gente volta a escolher o nosso adversário, mas neste momento nós só temos um e não devemos aceitar a briga entre partidos políticos, ideológicos ou religiosos nessas horas”.

Multa para idosos pode ser aplicada

Começou a valer, hoje, a interdição de parques e praças de Porto Alegre à população de idosos, um dos principais grupos de risco para o novo coronavírus. Marchezan afirmou ter sido uma das decisões mais difíceis de tomar, principalmente porque, conforme ele, Porto Alegre demorou a ter viabilidade financeira e parcerias para melhorar as praças e parques da cidade.

Conforme o chefe do Executivo, a partir de hoje vai ser feita uma orientação, tanto para os fiscais quanto para os idosos que insistem em circular pela rua. Marchezan afirmou que nenhuma pessoa foi multada até o momento, mas não descartou que a medida seja necessária, caso o descumprimento ocorra.

“É com muita dor que a gente faz isso, pois demoramos muito para entregar a eles um espaço limpo, aconchegante, com bancos, com poda e capina em dia. Mas precisamos que eles entendam que não há nada mais lógico para salvar vidas do que preservar, orientar e tentar, de todas as formas, fazer um isolamento social para evitar o contato entre as pessoas”.

Leitos de UTI

Para tratar de pacientes com Covid-19 em estado grave, o prefeito Marchezan afirmou que Porto Alegre conta com 380 leitos de UTI, entre Sistema Único de Saúde e hospitais particulares. A informação confirmada pelo chefe do Executivo contempla, inclusive, 105 novos leitos do Hospital de Clínicas, ainda em fase de implantação.