O governador do Rio Grande do Sul divulgou, nesta quarta-feira (25), um áudio criticando ataques ao trabalho de especialistas em saúde. A declaração foi distribuída à imprensa pela equipe de comunicação do Palácio Piratini horas após o pronunciamento do presidente da República em rede nacional. Eduardo Leite não menciona Jair Bolsonaro, mas pontua questões que contrariam as elencadas pelo chefe do Executivo nacional no comunicado transmitido por emissoras de rádio e televisão na noite dessa terça (24). Mais cedo, no mesmo dia, o próprio governador havia elogiado a postura de Bolsonaro, que teria melhorado nos últimos dias.
Leite destacou que a restrição de circulação de pessoas é uma medida adotada no mundo todo a fim de evitar o contágio por Covid-19. “O combate à pandemia do novo coronavírus não vai ser efetivo com ataques à cautela médica, com ataques à ciência. O mundo inteiro tem adotado essa postura de restringir contatos, de até confinamento, com ordens para as pessoas ficarem em casa. Essa é a linha que tem sido adotada para que nós possamos reduzir o contato entre as pessoas e conter a disseminação desse vírus”, expôs. “Essa é a forma que tem sido administrada mundialmente, até que se constituam alternativas para o confinamento. Inclusive, para que possamos ganhar tempo”, completou Leite.
Preocupação com a economia
Na mensagem dirigida à sociedade e em declarações feitas na manhã desta quarta, Bolsonaro voltou a criticar governadores e prefeitos. De acordo com o presidente, os chefes de Executivo dos estados e municípios estão prejudicando a economia com decretos de calamidade e restrições de atividades comerciais.
Eduardo Leite negou ignorar as dificuldades econômicas. “Nós temos sim preocupação com os empregos. É por isso que estamos buscando, junto ao governo federal, medidas econômicas que nos ajudem a atravessar os tempos turbulentos que serão para a economia em função dessas restrições. Mas, como eu tenho insistido, se protege primeiro a vida e, em segundo lugar, os empregos. Nessa ordem, não há enfrentamento entre as duas coisas”, afirmou.
O governador gaúcho ainda pediu que a sociedade cumpra as regras estabelecidas por autoridades e siga as orientações de especialistas. “Precisamos das vidas humanas para fazer a economia girar. Essa é a ordem dos valores das coisas. A vida em primeiro lugar, os empregos logo em seguida. E nós estamos olhando para as duas coisas. É muito importante que as pessoas mantenham a obediência e o atendimento ao nosso pedido”, encerrou.
Na tarde desta quarta, Leite e demais chefes de Executivo vão se reunir em uma videoconferência do Fórum dos Governadores. O grupo é liderado pelo governador Ibaneis Rocha (DF), além de João Doria Júnior (SP) e Wilson Witzel (RJ), dois dos mais criticados por Bolsonaro em manifestações recentes.