Cerca de uma hora depois do pronunciamento em que o presidente da República, Jair Bolsonaro, pediu calma e defendeu a reabertura de escolas e do comércio – apesar da incerteza sobre o risco de contágio pelo coronavírus -, o presidente do Senado reagiu, em postagens no Twitter.
Davi Alcolumbre (DEM-AP), que permanece em quarentena depois de testar positivo para a doença, disse que “neste momento grave, o País precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população”. Alcolumbre deixa claro que o entendimento é compartilhado com o presidente em exercício do Senado, Antonio Anastasia (PSDB-SP).
“Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque às medidas de contenção ao Covid-19. Posição que está na contramão das ações adotadas em outros países e sugeridas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS). Reafirmamos e insistimos: não é momento de ataque à imprensa e a outros gestores públicos. É momento de união, de serenidade e equilíbrio. A Nação espera do líder do Executivo, mais do que nunca, transparência, seriedade e responsabilidade”, prossegue o senador.
Alcolumbre finaliza o comunicado dizendo que o Congresso Nacional vai continuar “atuante e atento para colaborar no que for necessário” para a superação da crise.
Rodrigo Maia chama presidente de “equivocado”
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também usou o Twitter para criticar o discurso de Bolsonaro: “Desde o início desta crise venho pedindo sensatez, equilíbrio e união. O pronunciamento do presidente foi equivocado ao atacar a imprensa, os governadores e especialistas em saúde pública”, salientou.
“O momento exige que o governo federal reconheça o esforço de todos – governadores, prefeitos e profissionais de saúde – e adote medidas objetivas de apoio emergencial para conter o vírus e aos empresários e empregados prejudicados pelo isolamento social”, analisou Maia. O deputado frisou que o isolamento social deve ser mantido para controle do Covid-19. “Cabe aos brasileiros seguir as normas determinadas pela OMS e pelo Ministério da Saúde em respeito aos idosos e a todos que estão em grupo de risco”, ponderou.
Eduardo Leite: vidas e empregos, “nesta ordem”
Sem citar diretamente o presidente Jair Bolsonaro, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, também buscou o Twitter, perto das 23h30min:
“É urgente encontrar alternativa ao confinamento. Mas não se faz isso c/ataques à ciência e cautela médica mundialmente estabelecidas. Não deixamos de olhar economia/empregos. Mas não assistiremos inertes a uma doença se alastrar. Protege-se: 1) a vida; 2) os empregos. Nesta ordem”, escreveu.
Presidente da OAB fala em “pronunciamento desoneto”
Ainda no Twitter, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também se manifestou. Felipe Santa Cruz pediu que os brasileiros não quebrem a quarentena e fiquem com a “ciência”.
“Entre a ignorância e a ciência, não hesite. Não quebre a quarentena por conta deste que será reconhecido como um dos pronunciamentos políticos mais desonestos da história”, escreveu.
FHC: “melhor que se emende e cale”
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, da mesma forma, criticou a fala de Bolsonaro:”Eu não ia voltar ao tema, mas o Pr (presidente) repetiu opiniões desastradas sobre a pandemia. O momento é grave, não cabe politizar, mas opor-se aos infectologistas passa dos limites. Se não calar estará preparando o fim. E é melhor o dele que de todo o povo. Melhor é que se emende e cale”, postou.