O representante do Conselho Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil comentou o incentivo do presidente Jair Bolsonaro aos protestos programados para o dia 15 de março. Os atos são destinados contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. Em entrevista à Rádio Guaíba, na manhã desta quarta-feira, Felipe Santa Cruz evitou comentar sobre possíveis providências jurídicas que a entidade pode vir a tomar contra a postura de Bolsonaro. O presidente da OAB afirmou que articula com outros grupos, como a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil e a Associação Brasileira de Imprensa, a realização de um ato em solidariedade ao Congresso.
Para Felipe Santa Cruz, Bolsonaro testa os limites institucionais do país. “Mais uma vez, o presidente dá sinais contraditórios”, apontou. “É mais um passo nesse estresse permanente que o presidente da República estabelece contra a democracia brasileira. Não é esse o papel do presidente, não é isso que ele jurou ao tomar posse”, lembrou o representante da OAB.
Mensagens de “cunho pessoal”
No Twitter, Bolsonaro afirmou que as mensagens convocando os atos eram de “cunho pessoal”. O presidente da OAB questionou o argumento, sustentando que o presidente precisa sempre ter compromisso com a democracia. “Juridicamente, há muita controvérsia sobre essa ‘esfera privada’ do presidente da República”, avaliou. “Ele não está de férias, durante o carnaval, do compromisso dele com a democracia”, completou Santa Cruz.
Tenho 35Mi de seguidores em minhas mídias sociais, c/ notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional. No Whatsapp, algumas dezenas de amigos onde trocamos mensagens de cunho pessoal. Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 26, 2020
Cobrando moderação do presidente Jair Bolsonaro, Felipe Santa Cruz disse ainda que o chefe do Executivo não pode ser um “elemento de distúrbio”. “Nos preocupa as ruas das cidades tomadas por um enfrentamento entre os democratas e os não democratas”, observou.
O presidente da República e Felipe Santa Cruz já protagonizaram embates públicos. Em 2019, Bolsonaro insinuou que o pai do presidente da OAB participou da luta armada durante da ditadura e, por isso, fora morto pelo regime.