Bolsonaro: governo não pode ser “irresponsável” em liberar concursos públicos sem necessidade

Governo pressiona parlamentares a aprovar reforma administrativa, que mexe com a carreira dos futuros servidores

Foto: Carolina Antunes / Presidência da República

O presidente da República Jair Bolsonaro disse, nesta segunda-feira, que o governo não pode ser “irresponsável” e abrir mais concursos públicos, exceto em caso de necessidade. Recentemente, a equipe econômica decidiu segurar os processos seletivos até que a proposta de reforma administrativa receba aval dos parlamentares. Para o presidente, que voltou a falar que os servidores atuais não vão “perder nada” com as mudanças, o quadro público está “inchado”. “Não é travar (concurso público). É um peso muito grande o serviço público no Brasil. Vocês devem lembrar da promulgação da Constituinte, a quantidade de trens da alegria, isso inchou os quadros. Se não fizer algo, atuais servidores vão ficar sem receber lá na frente. Então não é travar. Concursos públicos, só os essenciais, essa que é a ideia”, declarou. As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

O presidente destacou que alguns concursos públicos feitos no passado só receberam seguimento recentemente. “Alguns concursos que foram feitos no passado que nós demos prosseguimento agora. Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal”, citou. Sobre a reforma administrativa, Bolsonaro disse considerar que ela está “madura” para ser apresentada, embora ainda faltem “algumas alterações” na proposta.

O chefe de Estado ainda afirmou que a “extinção de profissões” que não cabem mais nos dias atuais, como a de datilógrafo, também é tema da reforma administrativa. E destacou: “Reconheço o trabalho do servidor público, temos as carreiras de governo, típicas de Estado, entre as forças armadas, polícia federal, rodoviária, receita, CGU, entre outras, tem que ter estabilidade, sem problema nenhum.”

Mais cedo, o Estadão publicou que os concursos públicos federais viraram moeda de troca do governo para pressionar o Congresso e conseguir aprovar a reforma administrativa. À espera da definição, pelo presidente Jair Bolsonaro, do melhor momento político para enviar a proposta de reforma ao Legislativo, a equipe econômica decidiu segurar os processos seletivos até que a proposta – que mexer com as carreiras do funcionalismo – receba o aval dos parlamentares.

A aposta do governo é de que o “estrangulamento” natural dos serviços públicos, decorrente de um grande número previsto de pedidos de aposentadoria, acabe fazendo com que as próprias categorias aceitem a reforma. Outro fator que pesa nessa balança é o consequente aumento da carga de trabalho. A expectativa é de que quase 60 mil servidores peçam aposentadoria em três anos, dentro do atual governo.