Contrários a pedágio, prefeitos defendem taxar aplicativos e reduzir impostos em reunião com Marchezan

Prefeito de Porto Alegre reclamou da demora da Metroplan em apresentar soluções. Fundação propõe unificar tarifas, mas política de isenções é entrave

Foto: Guilherme Testa/CP

Prefeitos de municípios da região Metropolitana voltaram a rejeitar, nesta quinta-feira, em reunião com o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, o projeto de Lei que propõe a cobrança de “Taxa de Congestionamento Urbano”, criando um pedágio diário de R$ 4,70 para cada veículo emplacado fora da cidade. Apesar de reconhecer a crise no transporte público, a Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal) descartou a proposta e informou que busca outras alternativas para custear o transporte público, como a redução de impostos sobre os combustíveis e a taxação do transporte por aplicativos, o que Marchezan também defende.

Cobrada pelas prefeituras para agilizar o processo de licitação do sistema de transporte metropolitana, a Metroplan apresentou, na mesma reunião, uma proposta de unificação das tarifas da Capital e dos municípios da Região Metropolitana. Insatisfeito com os dados parciais sobre as estatísticas envolvendo o transporte da região Metropolitana, encaminhados pela fundação estadual, Marchezan defendeu a extinção da entidade. “A Metroplan já contratou diversas consultorias e não apresentou nenhum resultado para integração do transporte público coletivo”, disparou.

Além de descartar a possibilidade de tarifa única, o prefeito destacou que a gratuidade da passagem respeita a legislação de cada município, o que impede a adoção da medida de forma imediata. “A tarifa única só é viável como final, como fim, e depende também de legislações municipais, estaduais e federais. Hoje cada município dá sua gratuidade, como nós iríamos ter tarifa única com gratuidades em Porto Alegre diferentes de Canoas, Cachoeirinha, Viamão? É muito difícil com esse formato de tarifa única, há outras ações antes dessa”, avaliou.

Ao comparar o serviço de transporte público ao Sistema Único de Saúde (SUS), à educação e à segurança pública, Marchezan reforçou que “alguém paga” pelos que não conseguem. Ele argumentou que o pagamento da tarifa de R$ 4,70 para aqueles que “trazem grande movimento para Porto Alegre representa a menor das injustiças”, lembrando que esse é o valor de um litro de gasolina.

O prefeito afirmou que o Executivo municipal apresentou uma série de projetos para o transporte coletivo e cobrou maior envolvimento da Câmara Municipal na avaliação do pacote. “É muito injusto tarifar 200 mil veículos entrando Porto Alegre, com R$ 4,70 para ir e voltar quantas vezes quiserem. Mas me parece mais injusto que o usuário do ônibus da Região Metropolitana pague R$ 12, R$ 15 para ir e voltar. E é muito mais injusto que o usuário de ônibus de Porto Alegre pague quase R$ 15 para ir e voltar”.

Granpal

Prefeito de Cachoeirinha e presidente da Granpal, Miki Breier garantiu que os prefeitos vão buscar alternativas ao pedágio. Outras reuniões serão realizadas nos próximos dias para discutir gratuidade e redução do imposto sobre combustível. “Existem várias ações que podem reduzir a tarifa, agora criar pedágio para as placas que não são de Porto Alegre nós entendemos que é um absurdo, não concordamos . As pessoas vêm a Porto Alegre por necessidade, para buscar saúde, seu sustento, seu trabalho, e não compreendemos que é uma medida razoável. Se tiver reciprocidade, os carros com placas de Porto Alegre vão pagar para entrar em outros municípios”, adverte.

Metroplan

Diretor superintendente da Metroplan, Rodrigo Schnitzer garantiu que o governo gaúcho segue trabalhando no processo licitatório do sistema metropolitano. O objetivo é promover reorganização do sistema com consentimento dos municípios, que detêm a atribuição legal sobre o transporte municipal. A ideia é fazer um “rearranjo constitucional” aonde não exista fronteira entre os municípios no que diga respeito ao transporte público. Schnitzer afirmou que a meta é permitir que uma linha que sai de Alvorada possa pegar passageiros em Porto Alegre, ao contrário do que ocorre atualmente, onde não é permitido embarcar usuários fora do perímetro da cidade. “A partir de um redesenho, ela vai poder passar no trecho que passa por Porto Alegre e pegar passageiros na cidade, ou seja, uma unificação do sistema. Não vai ter mais bilhetagem de Porto Alegre e bilhetagem metropolitana”, sugeriu.

Para Schnitzer, a unificação pode resultar na redução da tarifa e em oferta maior de frequência do transporte para quem usa. “A partir da racionalização das frotas existentes, tanto na região Metropolitana como no sistema municipal, teremos impacto no sentido de otimização, porque há uma sobreposição de linhas presentes muito grande”, afirmou.

Como cada município adota uma legislação específica, a questão envolvendo a gratuidade da passagem aparece como um dos maiores desafios aos gestores. “A proposta de reorganização passa por uma etapa legislativa, com entendimento conjunto com o municípios”, alertou. “Vamos tentar buscar ponto de equilíbrio a fim de que exista mínimo de nivelamento entre as questões, uma vez que cada município trata de maneira diferente a questão de isenção.”