Dólar fecha a R$ 4,326, no maior nível desde criação do real

Bolsa de valores recuperou-se depois de três dias de queda

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Em mais um dia de oscilações no câmbio, o dólar subiu e voltou a fechar no maior valor nominal desde a criação do real. Nesta terça-feira, a moeda americana encerrou a sessão vendida a R$ 4,326, com alta de R$ 0,006 (+0,13%).

A divisa, que tinha caído ontem, começou o dia em baixa, mas inverteu a tendência e passou a subir a partir do início da tarde. Na máxima do dia, por volta das 15h30min, a cotação chegou a R$ 4,338. Desde o começo do ano, o dólar acumula valorização de 7,81%.

O Banco Central (BC) não tomou novas medidas para segurar a cotação. Hoje, a autoridade monetária leiloou US$ 650 milhões para rolar (renovar) contratos de swap cambial – que equivalem à venda de dólares no mercado futuro – com vencimento em abril. O leilão é parte da rolagem de US$ 13 bilhões de swap com vencimento previsto para daqui a dois meses.

No mercado de ações, o dia foi marcado pela recuperação. Depois três sessões seguidas de queda, o índice Ibovespa, da B3 (antiga Bolsa de Valores de São Paulo), que ontem tinha fechado no menor nível em quase dois meses, voltou a subir. O indicador encerrou a terça-feira aos 115.370 pontos, com forte alta de 2,49%.

Nos últimos dias, o dólar subiu em nível global, principalmente diante das moedas de países emergentes, depois da divulgação da geração de emprego em janeiro nos Estados Unidos. No mês passado, a maior economia do planeta criou 225 mil vagas de trabalho, número superior à previsão de 158 mil.

O bom desempenho do mercado de trabalho norte-americano abre espaço para eventuais aumentos de juros pelo Federal Reserve (FED), banco central dos Estados Unidos. Taxas mais altas em economias avançadas fazem com que ocorra fuga de capitais em países emergentes, como o Brasil.

Na China, o receio de que o surto de coronavírus traga impactos para a segunda maior economia do planeta continua a afetar o mercado financeiro. O confinamento dos habitantes de diversas cidades afetadas pela doença reduz a produção e o consumo da China. No entanto, o anúncio de um caso de cura em um britânico animou as bolsas de valores em todo o planeta, por causa da perspectiva de que o impacto sobre a economia global seja menor que o esperado.

Entre os fatores domésticos que vêm provocando a valorização do dólar, está a decisão recente do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reduzir a taxa Selic – juros básicos – para 4,25% ao ano, o menor nível da história. Juros mais baixos restringem a entrada de capitais estrangeiros no Brasil, também puxando a cotação para cima.