Estado baixa déficit orçamentário em R$ 2 bilhões em comparação com o previsto

Ainda assim, resultado não garante salários do funcionalismo em dia, nem permite ao governo assumir capacidade de realizar investimentos com verba própria

Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini / Divulgação

O secretário estadual da Fazenda, Marco Aurelio Cardoso, anunciou nesta terça-feira que o resultado orçamentário efetivo de 2019 fechou com déficit de R$ 3,2 bilhões. O montante ficou R$ 2 bilhões abaixo do previsto e oficialmente estimado nas leis de orçamento aprovadas pelo Legislativo no ano passado: R$ 5,2 bilhões.

Em coletiva na Secretaria da Fazenda, Cardoso explicou que a redução do déficit resulta do esforço do governo em controlar despesas contingenciáveis, do aumento de R$ 1,6 bilhão na receita efetiva – que passou de R$ 42,9 bilhões para R$ 44,5 bilhões, registrando crescimento nominal de 3,8% -, e de outras medidas adotadas para reestruturação do fluxo de caixa.

Os dados, apresentados pelo secretário como informações gerenciais baseadas em números do orçamento, serão divulgados a cada quatro meses pela Fazenda estadual. “Em 2019, foi possível reduzir o déficit orçamentário mesmo sem utilizar alternativas recorrentes em anos anteriores, como depósitos judiciais e antecipação de ICMS. Deve-se considerar que o déficit projetado para o ano era de R$ 5,2 bilhões. Isso significa que em 2019 houve resultados importantes na gestão de fluxo de caixa e na busca de receitas extraordinárias que levaram a uma redução do déficit previsto em R$ 2 bilhões”, afirmou.

Segundo o secretário da Fazenda, no entanto, a redução do déficit não deve assegurar o restabelecimento do cronograma convencional de pagamentos de salários do funcionalismo, nem permitir ao governo assumir a capacidade de realizar investimentos com verba própria. “A receita continua insuficiente para cobrir as despesas, mas estamos no caminho certo”, comentou.

Cardoso destacou que o governo vai seguir aplicando medidas para controle de gastos e consolidando políticas de privatização, concessão de serviços públicos e estabelecimento de parcerias com o setor privado, com objetivo de gerar receitas extraordinárias em volume suficiente para superar o déficit. “A nossa grande expectativa sobre a possibilidade de investimentos em infraestrutura está mantida sobre a realização de parcerias e concessões. Nesse cenário atual, ainda é muito difícil projetar investimentos com recursos públicos”, definiu.

O secretário também revelou que confia na adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) da União, em 2020, o que permite suspender o pagamento da dívida pública sem a necessidade de empenho dos valores, permitindo que o governo possa manejar os recursos orçamentários destinados a essa finalidade, pelo período inicial de três anos.

Outra frente de ação do governo estadual, anunciada pelo secretário da Fazenda, envolve a apresentação de propostas para atualizar o regime tributário. Cardoso mencionou que a Fazenda estuda eventuais modificações nas alíquotas do ICMS por setor econômico e disse que a revisão dos benefícios fiscais atualmente contratados também pode contribuir com o manejo financeiro através do reordenamento de incentivos por renúncia fiscal.

Conforme o secretário, dos cerca de R$ 9 bilhões concedidos na atualidade, aproximadamente R$ 2 bilhões correspondem a um “montante manejável”, que pode ser incluído no processo de reestruturação financeira. Cardoso ainda citou o êxito do Executivo em reformar a previdência e os estatutos do funcionalismo, o que vai contribuir, segundo ele, para o controle das despesas com pessoal, maior fonte de desembolso para o erário.