Morre aos 84 anos o jornalista, advogado e político Ibsen Pinheiro

Parlamentar conduziu impeachment de Collor e foi quadro histórico do MDB desde os anos 1970

Foto: André Ávila / CP Memória

Morreu nesta sexta-feira o jornalista, advogado e político Ibsen Pinheiro, aos 84 anos, em Porto Alegre. Internado no Hospital Dom Vicente Scherer, da Santa Casa, onde se submetia a um tratamento de saúde, ele sofreu uma parada cardiorrespiratória. Procurador de Justiça aposentado, Ibsen também seguia como conselheiro deliberativo do Inter. O velório ocorre das 9h às 16h deste sábado na Assembleia Legislativa. A cerimônia de cremação deve ser restrita à família.

Ibsen nasceu em São Borja, em 5 de julho de 1935, filho de Ricardo Pinheiro Bermudes e Lilia Valls Pinheiro. Ele começou na política em 1976, ao se eleger vereador por Porto Alegre. Em seguida, conseguiu mandato de deputado estadual em 1978. Era um político histórico nos quadros do MDB/PMDB.

Em 1986, atuou como deputado constituinte e, de fevereiro de 1991 a fevereiro de 1992, presidiu a Câmara Federal, tendo conduzido o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello. No procedimento contra Dilma Rousseff, votou contra a cassação por não ver configurado com clareza o crime durante o mandato.

Teve mandato cassado em 1994 no episódio batizado de Anões do Orçamento, divulgado pela revista Veja. Onze anos depois, o jornalista responsável pela matéria reconheceu que havia erros nos números divulgados sobre o suposto desvio de verba.

Voltou à política em 2004, ao ganhar novo mandato como vereador de Porto Alegre. Exerceu o último mandato como deputado estadual até 2018, despedindo-se da Assembleia Legislativa em abril daquele ano.

No Inter, sempre teve grande influência como conselheiro e ocasionais presenças nos quadros diretivos do futebol. Teve forte atuação na vitoriosa década de 1970 e voltou em 2016 para tentar evitar o rebaixamento do clube. Também era procurador de justiça aposentado.

Governador decreta três dias de luto oficial

Em postagem no Twitter, o governador Eduardo Leite confirmou que vai decretar três dias de tudo oficial. Ele relembrou Ibsen como “homem público incansável na luta por um país melhor”. “Sua trajetória política, marcada pelo diálogo e pelo respeito, deixa grande legado ao Brasil”, escreveu. “O Rio Grande do Sul perde um grande político e cidadão. Meus sentimentos aos familiares, amigos e admiradores de Ibsen Pinheiro”, postou o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior.

Já o MDB estadual salientou, em nota, que “a perda desse grande companheiro – uma das mentes mais brilhantes da política brasileira – deixa um vazio no coração do MDB de todo o Rio Grande do Sul e do Brasil”.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também se manifestou, dizendo que o emedebista “presidiu a Casa com muita seriedade, num dos momentos mais importantes da democracia brasileira”.

A Federação Gaúcha de Futebol também lamentou o falecimento. “A FGF deseja força aos amigos e familiares neste momento de extrema dor”, publicou a entidade, no Twitter.

Na mesma rede social, o presidente do Sport Club Internacional, Marcelo Medeiros, escreveu: “Triste com a morte de Ibsen Pinheiro. Tinha no Inter sua maior paixão. Mesmo na divergência, promovia o debate e sustentava suas posições de forma firme, inteligente. Idealista, homem público de valor. Perdem a sociedade e a nação alvirrubra. Nossos sentimentos à família e amigos”.