O diretor-executivo da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) de Porto Alegre, Gustavo Simionovschi, afirmou na manhã desta terça-feira que as empresas da Capital “só têm receita para pagar salários e combustível”. A declaração foi dada durante o programa Direto ao Ponto, da Rádio Guaíba, em entrevista sobre o futuro reajuste da tarifa dos ônibus urbanos de Porto Alegre. Os possíveis valores do aumento, previsto para 1º de fevereiro, ainda não estão sendo divulgados para não interferir nas negociações com os rodoviários.
“As empresas não têm a capacidade financeira de renovar a frota, e ainda assim fizeram melhorias como o reconhecimento facial”, disse Gustavo. “O percentual de lucro, que em contrato ficou estabelecido em 7,4%, também já estaria defasado”, acrescentou, além de apontar que já há um desiquilíbrio no contrato assinado em 2016, com vigência de 20 anos. O transporte por aplicativos, conforme ele, é um dos principais elementos que estão impedindo a conta de fechar.
Cada vez mais popularizado, o serviço de viagens em carros particulares tem agravado a crise do transporte, que já vinha apontando decréscimo no número de passageiros. Gustavo explica que os aplicativos acabam absorvendo a demanda dos passageiros que utilizavam as linhas curtas (trajetos menores), que eram justamente a fonte de custeio para as linhas mais longas (quem viaja menos paga o mesmo de quem viaja mais).
O sistema teve, em 2019, uma queda de 4,11% no comparativo com o ano anterior. Foram 14,2 milhões de passageiros/mês em 2018 contra 13,6 milhões/mês no ano passado. O edital, de 2015, previa pelo menos 17,8 milhões de passageiros passando as roletas por mês. “Na prática, foram 50 milhões de passageiros que deixaram de embarcar em 2019”, lamentou Simionovschi.
O diretor-executivo garante que, para ser possível o pagamento do dissídio da categoria dos rodoviários, é preciso fazer o reajuste das tarifas. “Tudo que se paga numa tarifa, metade é para pagamento de pessoal, que é o maior gasto das empresas”, disse ele. Gustavo relembrou ainda que esse cálculo é feito pela EPTC, passa pelo COMTU, e por fim vai à sanção do prefeito.
Por fim, Simionovschi admite que a tarifa é cara, mas que é preciso encontrar um modo de barateá-la. “Nós achamos que tem que ser mais barata, mas como fazer isso acontecer? A pessoa paga uma tarifa e meia por conta dos mais de 30% de isenções”, disse, ressaltando o custo que os passageiros que são isentos por lei tem no cálculo da passagem. “Precisa encontrar fonte de custeio”, asseverou.