Cpers: proposta para o Magistério deixou de ser “muito péssima”, para ser apenas “péssima”

Presidente da entidade disse que proposta dá novo combustível para que professores se mantenham em greve

Helenir Schürer garante respeito ao distanciamento social em manifestações no
Foto: CPERS

À frente de uma greve de quase um mês, o Cpers Sindicato, que representa o Magistério estadual, criticou, nesta quinta-feira, o novo projeto apresentado pelo governo, que altera o plano de carreira dos professores. Após examinar as alterações, a presidente da entidade lamentou a falta de diálogo com o Palácio Piratini e classificou como “péssimo” o texto detalhado, mais cedo, pelo governador Eduardo Leite a deputados da base aliada. “Se a outra proposta era ‘muito péssima’, nesta vamos tirar o ‘muito’, então ficou somente o ‘péssima'”, considerou a presidente do Cpers, Helenir Schürer.

No primeiro projeto gestado, a diferença de remuneração entre o professor de Nível 1 e o professor de Nível 6 era de 52%. O novo texto prevê uma variação da remuneração, entre o início e o fim da carreira, de 75%. Hoje, o governador Eduardo Leite (PSDB) propôs abrir mais um nível na tabela, o que amplia o intervalo entre níveis e classes, além de uma adequação ao piso nacional, com aumento de 19,8% até 2022.

O quadro de classes trouxe uma separação entre Mestrado e Doutorado, atualmente unidos no mesmo nível. Com os novos valores, a remuneração chega a R$ 4.752,42 mil para professores doutores em final de carreira em 2020, e a R$ 5.359 mil, em 2022. Já para profissionais em início de carreira de nível Licenciatura Plena, passa dos atuais R$ 2.557,74 para R$ 3.216,84 em 2022, enquanto para profissionais na faixa de Especialização o salário pula de R$ 2.557,74 para R$ 3.370,02.

Com as medidas, o Estado estima um novo custo de R$ 530 milhões em três anos para o subsídio. Para o Abono Família, enquanto atualmente o magistério representa 35% dos atuais beneficiários, na nova regra vai responder por 68%, com um aporte das outras áreas para a categoria. Com relação ao vale refeição, 63,75% dos vínculos de servidores do Estado que passarão a ser isentos serão do Magistério.

“Ele não conta para ninguém o segredo”, critica Helenir

“O problema é os triênios e quinquênios. Ele (governador Eduardo Leite) vai mostrando o crescimento nas faixas salariais, mas ele não conta para ninguém o segredo, que é tirar valores da nossa parcela autônoma. Isso vai represar ainda mais os nossos salários”, alertou Helenir.

Conforme o Executivo, os benefícios adquiridos como – triênios, avanços, classe especial, insalubridade – serão incorporados em uma parcela autônoma, mas os futuros reajustes só serão aplicados sobre o salário-base e não mais sobre o vencimento total.

A presidente do Cpers também considera que a categoria ganha novo combustível para protestar contra a matéria, almejando fechar 100% das escolas até terça-feira, quando os projetos entrarão em discussão na Assembleia. Ao considerar “açodada” a reconfiguração do projeto, Helenir Schürer lembrou que, diante da primeira proposta, os professores tiveram um mês para examinar o conteúdo da matéria.

A partir de terça-feira, 17, a categoria se reúne em assembleia na Praça da Matriz. Até o dia 19, os pressores seguirão acampados no local para pressionar contra o pacote do governo.