CCs de Carús não cometeram irregularidades ao firmarem empréstimos, indica sindicância

Investigação, porém, revela que agência investigada no esquema vinha extrapolando margem de financiamento, com exigências mínimas dos servidores

Sessão plenária foi suspensa em razão do julgamento de Lula no TRF-4 | Foto: Divulgação/CMPA
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Após dois meses de trabalho, a Câmara Municipal de Porto Alegre concluiu, nesta segunda-feira, a sindicância realizada para apurar a conduta de cargos em comissão (CCs) que atuaram no gabinete do então vereador André Carús (MDB). Depois de averiguar se os CCs obtiveram licença-saúde a fim de ampliar a margem para aquisição de empréstimos junto à financeira Municred, também investigada no esquema, a sindicância apurou que os investigados não cometeram irregularidades. Ao todo, foram esmiuçadas as condutas de seis ex-assessores de Carús.

A investigação realizada na Câmara apontou, contudo, que a Municred vinha atuando de forma distinta dos demais agentes financeiros garantindo facilidades para qualquer tipo de empréstimos, principalmente, para quem pedia recursos para licença-saúde. Por isso, a sindicância recomenda o fim do convênio para realização de empréstimos consignados junto à financeira. Durante os trabalhos, a sindicância apurou que a empresa ofereceu a servidores sem estabilidade empregatícia a possibilidade de pagarem empréstimos em 60 vezes. Financiamentos de até R$ 70 mil foram contraídos junto à Municred.

Para evitar novas fraudes, a sindicância também recomenda que os demais bancos e financeiras conveniados com os servidores da Câmara Municipal baixem os limites de empréstimos consignados de 70% para 30% do salário. Hoje, há 21 instituições financeiras aptas a liberarem financiamentos a trabalhadores da Câmara.

O relatório final conta com oito páginas. Os trabalhos, conduzidos por um dos procuradores da Câmara, tiveram início em 9 de outubro. Agora, o relatório final vai ser encaminhado às autoridades competentes, como Polícia Civil e Ministério Público.

Carús renunciou

Detido em 1º de outubro, pela suspeita de obrigar assessores a contrair empréstimos para saldar dívidas pessoais, Carús ficou dez dias preso. Em seguida, renunciou ao cargo de vereador em Porto Alegre. Ao deixar a vida pública, reafirmou ser inocente e justificou ter renunciado por ter “vergonha na cara”.