Após dois meses de trabalho, a Câmara Municipal de Porto Alegre concluiu, nesta segunda-feira, a sindicância realizada para apurar a conduta de cargos em comissão (CCs) que atuaram no gabinete do então vereador André Carús (MDB). Depois de averiguar se os CCs obtiveram licença-saúde a fim de ampliar a margem para aquisição de empréstimos junto à financeira Municred, também investigada no esquema, a sindicância apurou que os investigados não cometeram irregularidades. Ao todo, foram esmiuçadas as condutas de seis ex-assessores de Carús.
Decisão importante da comissão de sindicância da Câmara Municipal. Corrobora com a nossa transparência e responsabilidade, não só minha como da equipe, quando exerci o mandato. https://t.co/ItOVyKDHJd
— André Carús (@andrecarus) December 9, 2019
A investigação realizada na Câmara apontou, contudo, que a Municred vinha atuando de forma distinta dos demais agentes financeiros garantindo facilidades para qualquer tipo de empréstimos, principalmente, para quem pedia recursos para licença-saúde. Por isso, a sindicância recomenda o fim do convênio para realização de empréstimos consignados junto à financeira. Durante os trabalhos, a sindicância apurou que a empresa ofereceu a servidores sem estabilidade empregatícia a possibilidade de pagarem empréstimos em 60 vezes. Financiamentos de até R$ 70 mil foram contraídos junto à Municred.
Para evitar novas fraudes, a sindicância também recomenda que os demais bancos e financeiras conveniados com os servidores da Câmara Municipal baixem os limites de empréstimos consignados de 70% para 30% do salário. Hoje, há 21 instituições financeiras aptas a liberarem financiamentos a trabalhadores da Câmara.
O relatório final conta com oito páginas. Os trabalhos, conduzidos por um dos procuradores da Câmara, tiveram início em 9 de outubro. Agora, o relatório final vai ser encaminhado às autoridades competentes, como Polícia Civil e Ministério Público.
Carús renunciou
Detido em 1º de outubro, pela suspeita de obrigar assessores a contrair empréstimos para saldar dívidas pessoais, Carús ficou dez dias preso. Em seguida, renunciou ao cargo de vereador em Porto Alegre. Ao deixar a vida pública, reafirmou ser inocente e justificou ter renunciado por ter “vergonha na cara”.