Em um discurso de, aproximadamente, 6 minutos, o presidente Jair Bolsonaro abriu a Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Bento Gonçalves. O chefe do Executivo iniciou sua manifestação fazendo um balanço do primeiro ano de mandato. Bolsonaro defendeu a agenda de reformas implementadas pelo governo, dizendo que elas ajudaram a transformar o país e a recuperar a credibilidade do Brasil no mundo.
Sobre a economia, o presidente afirmou que o país está abrindo o mercado a fim de atrair investimentos e projetando a realização de novas reformas, concessões e privatizações. Bolsonaro ressaltou que o Mercosul tem um papel fundamental neste novo momento do Brasil. “Um esforço para aumentar nossa integração aos grupos globais de comércio e investimentos, a renovação do Mercosul vem tendo um papel central”, sustentou. O presidente brasileiro citou acordos como o com a União Europeia e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA).
Futuro do Mercosul
Bolsonaro cobrou agilidade na conclusão dos negócios. “Agora precisamos assegurar que esses acordos sejam implementados com rapidez e prosseguir nos contatos com parceiros mundo afora”, concluiu. Uma das metas brasileiras no Mercosul era reduzir a tarifa externa comum. A cobrança se dá sobre importações de outros continentes que chegam à América do Sul. No entanto, os países não chegaram a um acordo sobre a medida. Segundo Bolsonaro, a tarifa “afeta a competitividade e é prejudicial é quem produz”.
Jair Bolsonaro também comentou que o Mercosul está “mais enxuto e eficiente”, que não aceita “retrocessos ideológicos” e que precisa defender a democracia e as liberdades da população. O presidente citou a assinatura de acordos de facilitação de negócios, como o de cooperação policial entre forças de diferentes países em áreas de fronteira. Ao comentar a proposta, Bolsonaro elogiou o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro.
Por fim, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a destinação de R$ 12 milhões ao Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul. O programa tem como objetivo o financiamento de iniciativas de desenvolvimento da competitividade e promoção da coesão social no continente.
Crise da Bolívia
A crise política da Bolívia foi abordada pela vice-presidente do Uruguai, Lucia Topolanski. A senadora, que é esposa do ex-presidente José Mujica, representa Tabaré Vázquez, que passa por um tratamento contra o câncer. A uruguaia comentou a situação política da Bolívia, dizendo que houve “quebra institucional” no país.
A Bolívia, como Estado Associado ao Mercosul, foi representado pela embaixadora Karen Longaric. A diplomata falou em nome da presidente auto-proclamada Jeanine Áñez, que assumiu o poder após a renúncia de Evo Morales. Longaric afirmou que houve fraude nas eleições que reelegeram Morales ao seu quarto mandato. A embaixadora afastou a tese de que houve golpe de estado contra o ex-presidente e rebateu o argumento uruguaio de que houve ruptura institucional.
A ministra das Relações Exteriores da Bolívia garantiu a realização de eleições transparentes no país. Karen Longaric encerrou sua manifestação agradecendo o apoio do presidente Jair Bolsonaro à Bolívia. “A Bolívia, certamente, em breve, estará entre nós no Mercosul”, respondeu o brasileiro.
Ao final do encontro, o presidente Jair Bolsonaro cochichou ao paraguaio Abdo Benitez dizendo “tudo que eles perdem, eles dizem que é golpe”. O áudio vazou no sistema interno de som para jornalistas que acompanham a Cúpula em um prédio vizinho ao que abriga o encontro do Mercosul. Bolsonaro fez a afirmação após fazer uma brincadeira, dizendo que desejava permanecer na presidência do bloco.
Bolsonaro falou ao ouvido de Mario Abdo Benitez: “tudo que eles perdem eles dizem que é golpe”. Microfone estava aberto e áudio vazou no sistema de som da Cúpula do Mercosul. @RdGuaibaOficial
— Gustavo Chagas (@gmchagas) December 5, 2019
Manifestações dos demais países
O Paraguai foi o segundo país a se manifestar, por herdar do Brasil a presidência pro tempore do Mercosul. O presidente Mario Abdo Benitez reforçou o compromisso do país na continuidade das políticas colocadas em prática pelo bloco.
O argentino Mauricio Macri foi saudado por Bolsonaro como seu grande parceiro no Mercosul durante 2019. Durante as eleições da Argentina, o brasileiro defendeu a reeleição do atual presidente, que acabou derrotado pelo peronista Alberto Fernández.
O chanceler do Chile comentou a situação política e social do país. Teodoro Ribera questionou os motivos pelos quais uma nação com economia estável passa por distúrbios. O diplomata ainda afirmou que grupos anarquistas destruíram cidades chilenas e reconheceu o impacto da reforma previdenciária na vida da classe média.