Doria descarta mudar programa de segurança pública após mortes em Paraisópolis

Comandante da PM reitera que agentes foram agredidos e houve reação

Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

Após nove pessoas morrerem pisoteadas em meio a uma ação da Polícia Militar na comunidade de Paraisópolis, o governador de São Paulo, João Doria, comunicou que não pretende reduzir as operações policiais nem modificar os moldes dessas ações.

“Os procedimentos, a atitude e o comportamento da Polícia Militar, ou seja, o programa de segurança pública do governo do estado de São Paulo não vai mudar”, afirmou. Em seguida, porém, Dória admitiu que “procedimentos de ação, operacionais, podem ser revistos”. “Aliás, devem ser revistos, evidentemente, para serem aperfeiçoados, melhorados, evitando que tanto os cidadãos como criminosos e os próprios policiais possam ter a circunstância adequada, protegermos quem devemos proteger, preservar quem devemos preservar e prender quem merece ser preso”, acrescentou o governador.

O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Marcelo Salles, disse que os agentes que chegaram primeiro ao baile funk sofreram agressão. “Os três primeiros policiais que chegaram foram agredidos com pedras, com garrafas e contidos. É isso que precisa ficar conhecido. Por conta da ação, houve uma reação. Foi isso que houve”.

Algumas pessoas envolvidas na ação policial dizem que os militares lançaram granadas e atiraram em direção ao público do evento, com armas de cano longo, de calibre 12. O coronel Salles nega essa versão. Ele disse que embora parte dos depoimentos ainda deva ser colhida, avalia já constatar “inconsistência” nos relatos. “Vamos ouvir todos que foram encaminhados ao inquérito, mas, de plano, já se nota uma inconsistência”, afirmou.

A PM sustenta que suspeitos foram abordados pelos policiais que faziam patrulhamento e abriram fogo. Na sequência, que os agentes perseguiram o grupo até o baile funk. Nesse momento, ocorreu o tumulto, que resultou na morte de nove pessoas. Uma das vítimas tinha 14 anos. Ao todo, havia 5 mil pessoas no local.

A Polícia Militar de São Paulo informou que a Corregedoria da corporação abriu inquérito para averiguar a conduta dos agentes que atuaram em Paraisópolis. “As armas dos policiais foram apreendidas e encaminhadas para perícia”, acrescentou, em nota.

“O 89º DP [89º Distrito Polícial] também instaurou inquérito”, detalha a corporação, acrescentando que já foram ouvidos os agentes escalados para a missão na comunidade, localizada na zona sul da capital paulista.