Dólar cai e bolsa sobe, mesmo com decisão de Trump sobre aço

Dólar comercial fechou a segunda-feira vendido a R$ 4,213

Foto: Arquivo/Agência Brasil

A decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de retomar a sobretaxa sobre o aço e o alumínio produzidos no Brasil e na Argentina teve pouco impacto no mercado financeiro. O dólar encerrou em queda e a bolsa de valores subiu.

O dólar comercial fechou a segunda-feira vendido a R$ 4,213, com queda de R$ 0,027 (-0,63%). A divisa continua acima de R$ 4,20, mas operou em baixa durante todo o dia.

No mercado de ações, o dia foi marcado por uma discreta recuperação. O índice Ibovespa, da B3, fechou a segunda-feira com alta de 0,64%, aos 108.928 pontos. Mesmo com o anúncio de Trump, o indicador operou em alta durante toda a sessão.

Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro disse que a desvalorização do real nas últimas semanas deve-se a fatores externos. Segundo o presidente, as tensões comerciais entre Estados Unidos e China, as turbulências no Chile e as eleições na Argentina e no Uruguai vêm pressionando o câmbio.

Em tese, a imposição de barreiras comerciais pelos Estados Unidos dificulta as exportações brasileiras, reduzindo a entrada de dólares no Brasil e pressionando para cima o dólar. Sobre a decisão de Trump, Bolsonaro disse não ver retaliação comercial e que pretendia conversar por telefone com o presidente norte-americano.

Governo quer entender melhor taxa americana

Já o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou hoje que o governo quer entender melhor a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo o ministro, “é preciso agir com “calma”.

“É um setor que, desde o ano passado, já preocupava os americanos, então vamos, como eu digo, tentar entender e depois ver como é que a gente vai conversar com os Estados Unidos. Com muita calma, vamos chegar a um entendimento sobre isso”, afirmou a jornalistas, no Palácio do Planalto, após participar de um cerimônia que também contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes (Economia).

Apesar do anúncio de Trump, o governo dos EUA ainda não formalizou nenhuma mudança específica nas atuais regras tarifárias para a importação de aço e alumínio vendidos pelo Brasil. Durante a tarde, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com Paulo Guedes, no Palácio do Planalto, para tratar do assunto, mas nenhum deles falou com a imprensa após o encontro. Pela manhã, Bolsonaro disse que pode fazer uso do “canal aberto” que garante ter com Trump para evitar a imposição de tarifas anunciada.

Perguntado por jornalistas se Bolsonaro vai ligar para o presidente dos EUA de forma imediata, o chanceler brasileiro disse que não, ao menos “por enquanto”. Ernesto Araújo disse também que o momento é de avaliar a questão no “nível técnico”, para entender que tipo de medida vai ser eventualmente adotada.

“Nós estamos no nível técnico, nesse nível de entender as medidas”, disse. O ministro afirmou ainda que a medida não o preocupa. “Essa medida não nos preocupa e não nos tira desse trilho rumo à uma relação mais profunda”.

No final de agosto deste ano, o governo dos Estados Unidos flexibilizou as importações destes produtos, quando decidiu isentar companhias norte-americanas que negociarem aço do Brasil da sobretaxa de 25% sobre o preço original, desde que provem que há ausência de matéria-prima no mercado interno. O Brasil está entre os principais fornecedores de aço e ferro para os Estados Unidos.