Milhares de pessoas participaram neste domingo da 26ª edição da Corrida pela Vida, promovida pelo Instituto do Câncer Infantil (ICI), em parceria com o Clube de Corredores de Porto Alegre (Corpa), em Porto Alegre. O tradicional evento chama atenção para a causa, aliando conscientização e prática esportiva. Além da corrida, de três, cinco e 10 quilômetros, e a caminhada de três quilômetros, a novidade ficou por conta da modalidade Kids, com criançada de 3 a 14 anos.
Como a pequena, porém gigante Tais da Costa Silva, de 10 anos. Ela frequenta o ICI desde 2016, meses após descobrir um osteosarcoma, tumor maligno que a fez perder a perna direita. Com o tratamento no instituto, a menina de Paverama, interior do RS, colocou uma prótese. “Com uma força incrível, ela mesma pediu para amputar.
Doeu mais em mim no que nela”, conta a mãe Regina, que correu junto da filha os 100 metros com saída do Jockey Club, na zona sul da cidade. Depois de um período de estabilização, tanto da doença com as sessões de quimioterapia, quanto da estrutura emocional e logística da família, as duas ficaram prontas para correr. “Eu sempre via a propaganda, a divulgação das redes sociais, mas nunca tinha vindo antes”, diz Regina.
Em 2017, Taís começou a dançar novamente. “Desde então, ela tem uma vida praticamente normal”, comemora a mãe. Mas, Taís, queria mais. “Eu quero correr”, dizia, enfática. A maturidade e consciência da menina impressionam. “Quero ajudar o instituto e incentivar algumas crianças que ficam num canto, sozinhas, a fazerem suas próprias coisas”, ensina. Muitos de seus amigos no ICI também participaram do evento de ontem, que reuniu cerca de 15 mil pessoas na caminhada e 1.100 na corrida competitiva.
O evento ainda contou com animadores e diversas atrações e no final, todos os participantes receberam gratificações. Foram entregues troféus e as medalhas para os vencedores da corrida competitiva no palco da arena montada e todos os participantes da caminhada receberam medalhas no local da chegada. Entre ele, o natural de Aracaju, Sergipe, Mateus Cavalcante, 31 anos, que mora no Rio Grande do Sul há dez anos, e representa o estado como atleta.
“Disputei três vezes a Corrida São Silvestre”, lembra. Além da medalha que ganhou como vencedor na modalidade de 10 quilômetros, quer ser voluntário do ICI. “Não estou aqui pelo pódio, e sim pela causa. É um momento complicado, a doença. A criança precisa de apoio para saber que pode seguir em frente”, conta.
De acordo com dados atualizados da Confederação Nacional de Instituições de Apoio à Criança e Adolescente com Câncer (Coniacc), no mundo, em torno de 300 mil crianças e adolescentes foram diagnosticadas com câncer no ano de 2019. São cerca de 12.500 crianças e adolescentes de 1 a 19 anos diagnosticadas com câncer todos os anos no Brasil e 35 novos casos de câncer por dia. A doença representa a primeira causa de morte (7% do total) entre crianças e adolescentes de um a 19 anos, em muitas regiões do país.
Segundo o presidente do Instituto, Algemir Lunardi Brunetto, em 2018, o ICI assistiu mais de 586 pacientes e realizou 17.407 atendimentos pela equipe multidisciplinar, em diversas áreas, como serviço social, nutrição, odontologia, psicologia, pedagogia, psicopedagogia, fonoaudiologia, fisioterapia e recreação. A instituição assiste em torno de 300 famílias por mês. Os recursos arrecadados com o evento serão destinados à assistência de crianças e adolescentes com câncer e para a manutenção do Centro Integrado de Apoio, sede do Instituto.