Peça chave para a compreensão do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o porteiro do condomínio Vivendas da Barra, onde o presidente Jair Bolsonaro mantém uma residência, corrigiu a versão sobre o ocorrido no dia do crime.
Em nova declaração feita à Polícia Federal, ele não mais confirmou ter ouvido a voz do atual presidente liberando a entrada de um dos acusados do assassinato.
Na oitiva, realizada ontem, o funcionário contrariou a própria versão inicial, dizendo ter anotado o número da casa errada na planilha do condomínio. Segundo o porteiro, o ex-sargento suspeito do assassinato da vereadora, Élcio de Queiroz, disse que queria ir para a “casa 66”, mas ele anotou “58”.
No primeiro depoimento, dado à Polícia Civil do Rio de Janeiro entre os dias 7 e 9 de outubro, o porteiro citou ter ouvido uma autorização do “seu Jair” para um dos suspeitos do assassinato entrar no condomínio.
O presidente, à época deputado federal, permanecia em Brasília conforme registros da Câmara.
Marielle Franco e o motorista, Anderson Gomes, foram mortos há 616 dias em circunstâncias que, até hoje, não se esclareceram.
A repercussão do caso levou Moro a solicitar, via Procuradoria-Geral da República, a abertura de um inquérito na Polícia Federal para apurar o depoimento do porteiro.
Segundo o ministro, há “inconsistências” no depoimento do funcionário, o que pode classificar o ato como “crimes de obstrução à Justiça, falso testemunho ou denunciação caluniosa”.
Aras aceitou o pedido de Moro e enviou o ofício ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, que solicitou a abertura das investigações em 6 de novembro. No mesmo dia, a Polícia Federal abriu o inquérito.